segunda-feira, 26 de maio de 2014

Thiago Barata, não podemos tirar dinheiro do bolso pra fazer os shows...



Claro que na nossa saga de entrevistar os caras que ficam lá atrás do praticável, moendo os tambores e que nos surpreende porque sempre tem muito a dizer, continua! Desta vez conversamos com Thiago Barata, baterista das bandas D.E.R. e do Test, essa última um duo que dispensa apresentação mais formal. Confiram a seguir.

HM Breakdown: Antes de começarmos, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e suas atividades.
Thiago Barata: Eu que agradeço por se interessar pelas coisas que faço e me convidar para esta entrevista.
Bom, meu nome é Thiago, mas meu apelido é Barata, toco bateria desde 1996, e já passei por várias bandas, Seven Elevenz, Trapizombas, Sick Terror, Bandanos, Migra Violenta, Tri Lambda, e hoje toco no D.E.R. desde 2001 e no Test. E tem a parte chata que é o trampo, sou desenvolvedor web, me passem sites para fazer porque preciso de dinheiro (risos).

HMB: Você é considerado um dos mais criativos e rápidos bateristas do nosso país, quando você se interessou pelo instrumento?
Barata: Foi quando comprei meu primeiro CD do Ramones em 1995. Já conhecia a banda, mais nunca tinha ouvido um disco inteiro. Fui numa loja e escolhi o CD que tinha mais músicas (risos). Era o Loco Live e, literalmente, mudou minha vida. Achei o disco incrível e me interessei pela bateria e por tudo que envolve o Punk.

HMB: O Test se tornou uma das mais cultuadas bandas no underground, fazendo shows ao ar livre. O despojamento e criatividade são essenciais para vocês?
Barata: Sim, sem dúvida. Quase todas as ideias são do João, desde o Are You God?, ele fazia várias coisas diferentes e isso continuou no Test. O legal é que muitas das pessoas que marcam shows para nós, quando não tem uma casa de shows na cidade, acabam marcando o show na rua mesmo. Já tocamos na rua em cidades como Arapongas (PR), Recife (PE), Campos do Jordão (SP), Pindamonhangaba (SP) e Brasília (DF). Esse mês vai ser animal porque a gente vai tocar no Parque Ibirapuera, aqui em São Paulo.


HMB: Como está sendo a repercussão do álbum Arabe Macabre? Existem planos para outro lançamento?
Barata: Esta legal, as pessoas compram o vinil ou a versão em CD e também recebemos várias resenhas positivas. O próximo lançamento vai ser em Flexi Disc, vai se chamar Balão de Azar, e contará com duas músicas. O lançamento vai ser nos dias 31 de maio e 1º de junho no Sesc Pompéia, junto com o Ratos de Porão, que também vai estar lançando disco novo. Já da pra ouvir as músicas deste lançamento pelo You Tube no link: www.youtube.com/watch?v=VwniEjxw1tY
E também o clipe de Dereção/Desastre, que também está neste Flex Disc:
Também tem o split com o D.E.R., o Otomanos, a última música já foi mixada, agora só falta masterizar e ir pra fábrica.


HMB: O que você acha do cenário da música pesada brasileira?
Barata: Acho bom, tem muita banda boa em todas as regiões. Aqui em São Paulo praticamente todo fim de semana tem show, e muitas vezes durante a semana também. Com o Test tenho tocado não só no estado de São Paulo, mas em Brasília, Nordeste e no Sul do país durante a semana também. É legal para ver que lugar pra tocar não falta e que dá pra fazer, em qualquer lugar, shows durante a semana também. E com muitas bandas boas. Só acho que as bandas precisam pedir mais do que hospedagem, passagem e comida pra tocar. Não podemos tirar dinheiro do bolso pra fazer os shows e deixar só o lugar lucrar.

HMB: Em nosso país parece que se tornou cultural as bandas se venderam por muito pouco, ou até mesmo pagarem apenas para tocar nos eventos, você consegue ver alguma mudança de atitude nessa prática, em curto prazo?
Barata: Acho que isso nunca vai mudar, viu! Principalmente isso da banda pagar para tocar em algum evento. É uma merda isso pra banda, todo mundo acabada sabendo que pagaram para estar lá e nem entra pra ver o show.
Quanto a se vender, depende muito do que cada pensa que é se vender. Tem gente que acha que é mudar o som pra ser mais aceito, tocar em evento da prefeitura, cobrar pra tocar, aparecer na televisão...

HMB: Sim, mas o que seria "se vender" para você?
Barata: Sou nada radical com isso. Se vender, pra mim, seria mudar o som por dinheiro ou coisa assim. Mas não critico muito quem faça isso, se ficar muito ruim, eu não escuto mais. Todo mundo precisa de dinheiro.

HMB: Você faz muitos shows em espaços públicos, e eu gostaria de saber a sua opinião sobre o uso desses espaços públicos para a realização de eventos. Acha que seria possível uma parceria com a prefeitura para que isso acontecesse em escalas menores por São Paulo?
Barata: É possível sim haver algum tipo de parceria, mas não sei como funciona isso em São Paulo. Imagino que seja uma puta burocracia, então é muito mais fácil fazer sem autorização e usando nosso equipamento mesmo.
Mas no interior é mais fácil, tocamos duas vezes em Arapongas no Paraná e nosso amigo, que organizou o show, pediu autorização para a prefeitura de lá e foi tranquilo conseguir. Mas isso é mais para a polícia não encher o saco, até porque os shows foram em frente à prefeitura (risos). Mês passado também rolou sem autorização, na rua, em Campos do Jordão, em uma praça em Pindamonhangaba.
O bom de uma parceria seria shows com equipamentos melhores e também uma grana para pagar as bandas.
Esse mês, tocamos na Virada Cultural de São Paulo, nos dois últimos anos fizemos o Palco Test, que além da gente, tocaram também várias bandas de amigos, e nesse ano o João conseguiu colocar o Palco Test na programação oficial da Virada Cultural. Não é uma parceria, mais é uma boa porque é garantido que a polícia não vai falar nada, vai haver uma divulgação melhor e também uma grana para as bandas.


HMB: Poxa! Uma notícia ótima! Podemos ver que se buscarmos um objetivo é questão de tempo. Claro, vamos sempre bater sempre nas burocracias e na má vontade do funcionalismo público, mas que é possível! É possível! Que tal levar o Palco Test para outros lugares com apoio da Prefeitura?
Barata: Pô! Ia ser animal.
Temos vontade de fazer muita coisa, mas sem dinheiro é complicado. Com uma ajuda assim daria para levar isso para muitos lugares. Mesmo se conseguíssemos patrocínio o custo seria muito alto, imagina! Só de passagens ia ser uma grana preta... Como a gente sabe, dinheiro é o que menos falta para o governo, então seria demais de rolasse.

HMB: Você tem algum tipo de preparo, físico ou psicológico antes de tocar?
Barata: Psicológico nenhum! Com o D.E.R. quase sempre faço um pequeno aquecimento com as baquetas, no Test só quando está muito frio aqueço um pouco. Esses dias a gente tocou na rua em Campos do Jordão, e estava um frio do cacete e não deu tempo pra aquecer. Foi muito difícil, os braços ficaram todos duros, horrível (risos).

HMB: Dia desses entrevistei o Evandro Júnior do Anthares e ele me disse que até os 30 anos ele tocava na raça, a partir dai, teve vezes em que ele tinha que se deitar no chão, após o show para recuperar o folego, e por conta disso, ele se prepara mais fisicamente. Não é uma ótima dica para os bateristas que são mais novos irem já se preocupando com isso?
Barata: É uma boa dica até para os mais novos (risos). Em dois meses eu faço 33 anos e por enquanto, não preciso deitar no chão (risos)!
Eu gosto muito de pedalar, mas é muito difícil eu conseguir manter uma rotina legal de treinos por mais de três meses. Mas é nítido, durante a época que estou pedalando, por mais de três semanas, já sinto que tocar bateria fica mais fácil.
Tocar bateria, nesses estilos mais extremos, é um puta exercício, qualquer atividade física ajuda, com certeza.

HMB: Resuma Barata em uma palavra ou frase.
Barata: Corinthiano, rockeiro e paciente (risos).

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Barata: Eu que agradeço por se interessar pelas coisas que faço e pelo papo por aqui. Ouçam mais Ramones e Napalm Death. Um abraço!

9 comentários:

  1. Caraaaaaalho! Melhor batera do mundo! (Depois do panda! Hauahauah) jurava que essa porra tinha uns 20 anos!

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  2. Barata é foda!!! Grande pessoa e um baterista sem igual.

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  3. Grande garoto !!! personalidade inabalável !!! um prazer ter visto de perto esse cara tocando.

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  4. Grande garoto de personalidade inabalável !!!!!! Foi um prazer enorme ter visto de perto o som da batera dele ainda no início...

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  5. Mandou bala na face da galera hein Barata. Isso ai mano. Sempre falando com a razão.

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  6. Test em Arapongas-PR...foi animal!!!

    https://www.youtube.com/watch?v=ca8E2_qiHZA

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  7. Foi fudido o show em Pindamonhangaba. Grande entrevista de um batera alien, pois nunca vi nada igual kkkkkkkkk

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  8. Parabéns Barata, batera coeso e muito poderoso!

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  9. Muito bom! Espero logo poder trazer algumas bandas como o Test pra tocar a qui no Nordeste !

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