sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Luis Carlos: Persistência


Luis Carlos, ou Carlinhos é um músico do Rio de Janeiro, que além de outras foi baterista da banda Static Magik que fez um barulho considerável na cena até o fim de suas atividades. Carlinhos criou a produtora Be Magic e hoje realiza eventos voltados ao rock pela cidade do Rio de Janeiro. Tivemos um produtivo bate-papo com Carlinho e o resultado você confere a seguir.

HMBreakdown: Antes de começarmos, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e suas atividades.
Luis Carlos: atualmente eu venho desenvolvendo um trabalho com uma produtora de shows, a Be Magic, que completará dois anos de atividade. Fizemos muitos shows e ainda estamos na correria, já que fizemos eventos o ano todo.

HMB: A Be Magic tem sido muito atuante no cenário musical, inclusive, realizando shows e workshops importantes e de grande interesse para o público. Existem planos para a expansão das atividades em outras áreas da cultura?
Luis Carlos: Sempre existe essa possibilidade porque eu vou fazendo as coisas pelas oportunidades que aparecem e por mais que eu me programe ou planeje alguma coisa futura, as coisas acabam surgindo inesperadamente e tendo melhores resultados. É sempre uma "caixinha de surpresas". Eu gostaria de fazer isso sim, tem tantas coisas legais como shows de humor, teatro, enfim, um "caminho cultural" do qual eu gostaria de explorar mais se aparecessem oportunidades, quem sabe em 2017.

HMB: Quais são as dificuldades que você encontra do momento em que decide por realizar um evento até que ele aconteça de fato?
Luis Carlos: Só em fazer algo voltado para o Rock pesado no Brasil já é sinônimo de dificuldade. Quando é voltado para o mercado nacional, as dificuldades são ainda maiores porque você tem que fazer com que o público tenha mais estímulo em comparecer, coisa que é mais fácil com as bandas gringas, essa é uma verdade e não tem como mudar essa mentalidade da noite para o dia, ainda que tenhamos hoje diversos eventos bacanas voltados para bandas brasileiras.
Eu faço tudo na marra, não tenho apoio de empresa, nem de governo algum e é feito tudo de forma independente, mas veja bem, eu não estou criticando quem faz isso, é apenas a forma do qual eu trabalho, já me ofereceram um evento onde citaram a Lei Rouanet para fazer o trabalho e eu vetei na hora, preferi recusar. Como eu disse, é uma "caixinha de surpresas", às vezes tem tudo pra dar errado e tudo acontece maravilhosamente bem, as vezes acaba tudo dando errado mesmo com tudo estruturado. Vida de produtor no Brasil é andar na corda bamba, e se bobear com linha de cerol de pipa ainda. (risos)


 HMB: E qual seria a fórmula mágica para mudar essa atitude do brasileiro de não valorizar a sua cena e as suas bandas? Acredito que por você realizar seus eventos apenas com a sua força e determinação, você deve pesquisar para saber onde está a demanda do público naquele momento e fazer o show visando o sucesso do mesmo.
Luis Carlos: A minha fórmula é não ter uma, até porque eu procuro não bater nesta mesma tecla de falar e só reclamar de cena e discussão sobre que o certo é isso e o errado é aquilo, porque isso nunca dá em nada quando na verdade alguma coisa só vai dar certo quando as pessoas colocarem a mão na massa, eu já me cansei disso há anos e quero distância.
Simplesmente eu vou fazendo as coisas porque eu gosto, se muitas pessoas me apoiam, ótimo, fico feliz por isso porque é justamente é pra eles que eu faço eventos, do contrário, paciência, ninguém é obrigado a apoiar e curtir. Eu entendo isso como uma democracia, e se um dia eu resolver não fazer mais eventos, simples, eu paro e pronto, não vou ficar reclamando.
Muitas Bandas eu não fiz porque é um "sucesso" ou porque está na "crista da onda", mas porque realmente eu gosto, e cabe ao público comparecer em massa e retribuir a banda essa força.

HMB: Hoje eu percebo um significativo aumento da qualidade do material apresentado pelas bandas ao público, seja em gravações, material gráfico ou vídeo clipes. Na questão dos shows, você acha que essa qualidade se reflete, ou eles não se importam com isso, apenas sobem lá e “descem a mão”. Existe essa preocupação com a qualidade nos seus eventos?
Luis Carlos: Existe, acho que cada vez mais temos trabalhos bem feitos, o profissionalismo das bandas melhorou bastante. É claro que aquilo que você faz não vai significar o melhor pra todo mundo, mas o importante é você fazer a sua parte e quanto ao que cada banda faz, bem, isso só depende delas e o que eles elas almejam para suas carreiras.


 HMB: Estando radicado no estado do Rio de Janeiro, que diferença você apontaria entre os demais estados em relação ao cenário da música pesada nacional?
Luis Carlos: Bem, pra mim fã de Heavy Metal é fã de Heavy Metal, não existe diferença porque a paixão é a mesma e nem as questões regionais interferem, claro que alguns estados se destacam mais do que os outros e até tem mais tradição, mas percebo que tem tido muitas coisas bacanas acontecendo, por exemplo, em Manaus e isso é ótimo!
Acho que São Paulo continua sendo uma grande força dentro do Metal Brasileiro, mas mesmo com todas as dificuldades muita coisa bacana está acontecendo na Bahia, em Santa Catarina, em tantos outros lugares onde as pessoas estão se mobilizando para fazer alguma cena.

HMB: Existem planos de expandir as produções da Be Magic para outros estados brasileiros?
Luis Carlos: Não existem planos para fazer eventos em outros estados, acho mais conveniente fazer alguma coisa onde eu vivo e sei que em outros lugares existem pessoas competentes fazendo a sua parte.

HMB: Resuma Luis Carlos em uma frase ou palavra.
Luis Carlos: Persistência.

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.

Luis Carlos: Agradeço pelo espaço cedido a mim para que eu divulgasse um pouco do meu trabalho, então, te desejo muito sucesso também e estamos juntos na batalha em prol do Rock pesado!

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Leandro Nogueira Coppi : Sou do bem!


Muitas vezes você encontra pessoas no seu caminho e algumas delas passam a fazer parte do seleto grupo daqueles a quem você admira por serem exatamente quem são. E neste caso específico, este bate-papo só serviu para engrandecer minha admiração por este batalhador do cenário da musica pesada, seja através do site Brasil METAL História ou pelas páginas da Roadie Crew (que dispensa maiores apresentações) onde é colaborador. Tive um excelente bate-papo com este ser humano incrível e o resultado vocês conferem a seguir, e claro, vejam por vocês mesmos se eu não tenho razão.

HMBreakdown: Antes de começarmos, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e suas atividades.
Leandro Nogueira Coppi: Muito obrigado pelo convite. É um prazer figurar no HMBreakdown, que faz um trabalho muito importante para a cena. Bem, na área musical deixei de tocar bateria em bandas há cinco anos, mas me mantenho atuante, só que agora do outro lado, já que desde então montei o site Brasil METAL História, que sempre se dedicou única e exclusivamente na divulgação apenas de bandas nacionais. Penso que sempre faltou um espaço que priorizasse o que é feito em nosso país, que ao meu ver sempre concebeu muitas bandas de qualidade em termos musicais e de produção - isso se estende aos produtores, artistas gráficos e demais profissionais que atuam na área e que também vêm realizando trabalhos de destaque. Nesse tempo todo, também venho atuando como colaborador ativo da revista Roadie Crew, que tem sido guerreira em conseguir estar ativa e mantendo a mesma frequência de lançamentos das edições. Com o advento da Internet, é muito difícil manter vivo um veículo desse porte.

HMB: Concordo com você no que diz respeito à Roadie Crew em se manter, diante da atual realidade. Como tem sido a aceitação do Brasil METAL História? E quais são as dificuldades que você encontra no dia a dia para manter o site não apenas ativo, mas relevante pra o cenário?
Leandro: Felizmente, o Brasil METAL História conquistou o respeito de público, bandas e profissionais do meio musical, porque fazemos um trabalho honesto, que não se prende apenas às divulgações vindas por assessorias, ou seja, o espaço é aberto pra todos. Outra coisa que agrada muita gente é o fato de não nos restringirmos a um gênero ou outro, ou seja, do mais simples Rock and Roll ao mais brutal Black Metal, todo mundo tem portas abertas conosco, sem radicalismo e sem discriminação. Quanto às dificuldades, elas são muitas, ainda mais que nossa equipe é pequena e a nossa estrutura é limitada. Mas somos dedicados e sempre reservamos um tempo do nosso dia para manter o site e a página ativos. A relevância do Brasil METAL História se dá com resenhas, matérias, coberturas de shows e entrevistas de bandas de diversos gêneros do Rock/Metal e também com a criação de seções inéditas, como é o caso do "Raio X do Disco", que criamos para que os autores das letras de um disco específico possam falar sobre cada uma delas. Muita gente que se interessa pelas letras de um disco, ficava restrita a interpretá-las, já que não existia um espaço em que elas pudessem ser explicadas pelas bandas. Pensamos sempre no que o público se interessaria em ler, ainda mais porque a pratica da leitura é mísera no Brasil e você tem que tentar ganhar o interesse das pessoas por essa prática. Esse é um dos motivos pelo qual não damos nota em resenhas de álbuns ou DVDs, o que é outro diferencial nosso.


HMB: Vejo que você busca a qualidade máxima nos seus afazeres, seja com o Brasil METAL História ou com a Roadie Crew, sendo assim, como você enxerga, hoje,  o cenário brasileiro, como um todo, seja em bandas, publicações, sites, blogs e etc?
Leandro: Obrigado pelo comentário. Felizmente, vejo que o número de espaços para divulgações de bandas e afins tem crescido nos últimos tempos. Muita gente, aos trancos e barrancos, tem se dedicado a fazer algo positivo pela música, seja ela qual for. Quanto as bandas, assim como produtores, artistas gráficos e outros profissionais, como mencionei anteriormente, muitos deles têm apresentado trabalhos de muita qualidade. Por outro lado, vejo que tem tido muita repetição, muitas fórmulas parecidas, principalmente entre algumas bandas de Thrash Metal e de Metalcore. Outra coisa negativa é o fato de que num país como o nosso, que tem milhares de músicos, o Hard Rock ainda não decolou. É rala a quantidade de bandas representantes desse gênero. Algo que também enxergo como preocupante, é o fato de que algumas casas de shows têm anunciando o fim de suas atividades, só em São Paulo perdemos o Blackmore Rock Bar, o Hangar 110 e o Inferno Club. Em suma, muita coisa tem melhorado no cenário nacional, mas outras tantas precisam melhorar. Uma delas é a questão dos preços altamente abusivos de ingressos de shows internacionais, com suas taxas de conveniências acopladas com valores tão abusivos quanto. Porém, onde há demanda... O brasileiro reclama, mas shows de grande porte estão sempre lotados.

HMB: Engraçado que agora que você falou eu percebi, sempre achei o Hard Rock a vertente mais popular entre as pessoas, mas as bandas brasileiras não decolam mesmo. Sobre o fato de muitas casas de shows estarem fechando as suas portas, qual você acredita ser o motivo disso, já que boa parcela diz que a culpa é da situação econômica do país e a outra de que é da falta de público?
Leandro: Acredito que ambas as coisas são fatores principais para essa situação. As pessoas não estão mais tendo dinheiro para sair e se divertir. Muitas estão desempregadas por culpa desse momento catastrófico que o país vive. O governo rouba e as patifarias são "arrumadas" com o dinheiro do trabalhador, que hoje está perdendo emprego, benefícios, aposentadoria... A maior parte da população brasileira não vive, sobrevive! Mas em grande parte, a culpa do afastamento do público é das próprias casas. Eu conheço muita gente que diz que não vai mais a casa "x" ou "y", porque algumas delas, em dias de calor, por exemplo, mantém o ar condicionado desligado para forçar a pessoa a comprar bebida no bar interno. Pô, na maioria das vezes, além do ingresso, a consumação é cara, tem estacionamento, combustível, transporte. Os donos de algumas casas ignoram isso. Só que é ação e reação. Além de tudo, uma das que citei que fechou, pegou a fama de tratar muito mal os clientes, tirando-lhes inclusive, a liberdade de expressão para reclamar do que não estava achando legal na casa.


HMB: Eu acho que o brasileiro é incapaz de valorizar o seu próprio cenário, como ele merece? Qual a sua visão sobre isso?
Leandro: Não sei se ele é incapaz, eu diria que muitos são desinteressados, preguiçosos mesmo. É cultural esse pensamento pobre de espírito que o brasileiro tem de, seja no que for, valorizar sempre (ou em grande parte) o que vem de fora. Na minha infância, na época de escola, haviam alunos que caçoavam daqueles que não tinham condições de ter um tênis importado. Se você aparecesse com um bamba "cabeção" ou um kichute, logo virava motivo de piada daqueles que iam de Nike, New Balance etc. Veja o caso do Sepultura, como todos sabem, eles tiveram que ser reconhecidos no exterior para depois serem respeitados por aqui. Tem gente que nem sai de casa pra ver uma banda brasileira e fica reclamando que o motivo é que elas não têm qualidade. Balela! Como você julga a qualidade de uma banda sem sair de casa para saber? E em um celeiro tão repleto de bandas dos mais diferentes estilos, ninguém me convencerá de que não há qualidade. Toda generalização, pra mim é burra! Mas cá entre nós? Até mesmo algumas bandas são culpadas, a partir do momento em que  elas não fazem questão de elogiar ou divulgar o trabalho de outras, e nem de ficar dentro da casa prestigiando os shows daquelas que estão tocando no mesmo evento. Quer queira ou não, isso cria uma rivalidade, uma dor de cotovelo, uma competição desnecessária e até mesmo infantil.

HMB: Penso igual você nessa questão, como pode ter competição num nicho que muitas vezes a oportunidade de se apresentar é comprada, onde os estúdios tanto pra gravação ou ensaio são caros, o público é escasso? Não seria o caso de mostrar maciçamente ao público que em nosso quintal existe qualidade? Já que os grandes trabalhos estão sendo lançados, os grandes shows são feitos, em resumo, na sua visão, qual seria o trabalho a ser feito, visando a mudança dessa mentalidade provinciana do público?
Leandro: Sinceramente? Acho difícil mudar algo quando ele é cultural. Mas a divulgação é sempre a alma do negócio. Num mundo virtual em que tudo hoje em dia é lançado como um trator sem freio numa ladeira, seja uma notícia, um disco, um videoclipe, um site, ou algo assim, você tem que martelar a divulgação do seu trabalho, mas sem se tornar chato. Mais vale divulgar duas novidades por semana, do que dez em um dia só. A quantidade deve ser constante, porém, a qualidade deve acompanhar o processo. No caso das bandas, por mais que seja difícil, principalmente em termos financeiros, lançar álbuns constantemente, ao menos um single por ano, ou, de preferência, a cada seis meses, é legal apresentar ao público para que você não caia no limbo do esquecimento. E quando eu falo em qualidade, estou incluindo até a divulgação extra-musical: ter uma foto decente da banda, em alta definição, com um visual condizente com seu lado artístico, um release bem elaborado, sem encheção de linguiça e bem escrito, uma página ou um site que contenham informações básicas e indispensáveis e por aí vai.


HMB: Já me deparei com situações bem complicadas, de ter uma matéria ótima em mãos de determinada banda, e não conseguir fotos, logotipo, capas de CDs e outros materiais indispensáveis para que se faça uma boa publicação, acho que neste quesito as assessorias de imprensa ajudam muito, mas ainda é bem complicado ter em mãos alguns desses materiais. Como você lida com este tipo de situação?
Leandro: Mas olha, tem casos em que nem as assessorias se preocupam com isso, de ter nem que seja no site dela, o 'presskit' da banda disponível. Acho que cada banda tem que analisar que ela é seu próprio cartão de visitas. Eu nunca deixei de, por exemplo, resenhar uma banda por falta de material, mas ter que ficar caçando foto, release, links e capa, além de ser chato, gera um trabalho desnecessário. Quando não encontro, tenho que ficar pedindo pras bandas ou pras assessorias, mas enquanto aguardo retorno das mesmas, faço a fila andar e acabo resenhando na frente o material de quem enviou depois, mas que pelo menos mandou com tudo completo. São essas pequenas coisas que muitas vezes mostram a forma com que cada banda valoriza o próprio trabalho.

HMB: E por falar em bandas, você tem sentido uma melhora significativa na qualidade do material apresentado? Pergunto isso, porque eu acredito que de tempos em tempos as bandas brasileiras galgam um ou mais degraus, vide o último trabalho da Nervosa, Agony, que para mim atingiu um patamar acima de todas as produções de bandas brasileiras.
Leandro: Costumo receber muito material de bandas brasileiras e posso afirmar que em termos de produção muita gente tem caprichado. Com as ferramentas que todo músico tem à disposição, que possibilitam produzir boas gravações, até mesmo através de programas instalados em seus próprios computadores, não há mais desculpa de que não atingiu um resultado satisfatório por falta de grana, já que atualmente não necessariamente você fica refém de um estúdio de gravação. Por outro lado, tem aqueles que exageram na utilização dessas ferramentas e acabam deixando o som perder a organicidade. Muitos produtores se aperfeiçoaram de tal forma, que há anos não se faz necessário recorrer a um estrangeiro para comandar os botões. Mas como nem tudo são flores, há quem ainda não dispõe do mesmo capricho. Quando isso acontece, tanto eu, quanto vários outros redatores procuramos dar toques em nossas resenhas. Muita gente absorve nossas opiniões numa boa e até nos agradecem, outras (bem poucas, por sinal), infelizmente pensam que estamos sendo chatos, ou que estamos pegando no pé etc...


HMB: Eu acho que a função do crítico é justamente apontar qualidades e defeitos de determinada obra, visando justamente apontar o que pode ser melhorado, claro, cada um dentro da sua realidade e do seu conhecimento. Você acha que os músicos brasileiros se sentem ofendidos com uma crítica negativa?
Leandro: Alguns sim, pois quem gosta de ser criticado negativamente? Mas há aqueles que entendem o nosso trabalho e que até preferem as críticas, já que uma visão de fora pode ser bem vinda para quem está dentro e não consegue perceber algo que pode ser mudado para melhor. Claro, há de se ter coerência para que sua crítica de fato tenha a ver com o que está sendo analisado. Mas também não somos os donos da razão e com o passar do tempo aprendemos a gostar de algumas coisas que em um primeiro momento não nos cativou. O ser humano é suscetível às mudanças, havendo respeito e honestidade de ambas as partes, músicos e imprensa convivem muito bem.

HMB: Um ponto que eu sempre aborto, será que com algum tipo de incentivo público, o cenário da música pesada nacional poderia vir a crescer e atingir um público maior com a realização de mais festivais e lançamentos?
Leandro: Com toda certeza! Pego como exemplo o caso do "Rock Na Praça", que levou muita gente a prestigiar as bandas que tocaram em cada uma de suas edições. Isso deveria acontecer com mais frequência, já que o dinheiro que o poder público cobra da população através de taxas e impostos, nem sempre é revertido em benefício da mesma. Todo o tipo de incentivo e de divulgação será sempre bem vindo, ainda mais para um gênero como o Rock/Metal que nunca foi bem quisto pela grande mídia.

HMB: Resuma Leandro Nogueira Coppi em uma frase ou palavra.
Leandro: Nossa! Essa é a pergunta mais difícil que eu já respondi. Mas, bem, sou um cara sempre disposto a somar para a cena e também sempre presente nos eventos, não apenas para cobrir shows, mas também para manter vivo aquele espírito de sair de casa para curtir bandas e, principalmente, para rever amigos e fazer novas amizades, ao invés de ficar pela Internet disseminando ódio, como muitas pessoas fazem, principalmente nesse período em que a política serviu de argumento para que muitas relações fossem cortadas. O ser humano está precisando aprender a viver com mais paz e harmonia e não com tanto rancor, respeitar a natureza e os animais, que são seres indefesos perante a nossa crueldade. Enfim, sou do bem.

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Leandro: Realmente foi muito bacana trocar essa ideia JP. Obrigado pelo espaço e pela disposição em conhecer um pouco mais sobre os meus pontos de vista. Continue sempre somando para a cena, pois isso é importante para que o todo se fortaleça. A você leitor deixo meu agradecimento por ter dedicado um tempo para ler essa entrevista e um recado: reflita sobre o que comentei na pergunta anterior e respeite o seu semelhante, a natureza e os animais. Somos só um monte de carcaças pensantes, que habita este planeta de forma temporária, então vamos cuidar dele da forma que procuramos cuidar de nossa própria casa. Paz, saúde e música boa à todos!

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Gleison Júnior: empreendedorismo a serviço do Metal


Qualquer um que tenha o mínimo interesse pelo Heavy Metal neste país conhece ou pelo menos já ouviu falar de Gleison Júnior, o homem por traz do nome Roadie Metal, que abrange tantos serviços quanto vocês puderem imaginar, tudo em prol do que ele ama e do que acredita. Tivemos um bate papo interessantíssimo com Gleison, que foi muito sincero e direto em suas respostas, mostrando que além de empreendedor é um cara de visão. Confira a seguir.


HMBreakdown: Antes de começarmos, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e suas atividades.
Gleison Júnior: Tudo começou quando alguns amigos mais próximos me pediam sempre indicações de bandas novas e nacionais, no qual eu sou um profundo apaixonado e pesquiso sempre, após isso eu acabei me mudando para a cidade de Goiânia, no qual um tio meu é dono de uma Web Rádio, Canal Felicidade, em uma das visitas que fiz a ele, acabei pedindo uma oportunidade para apresentar um programa voltado ao Metal, indo na contra mão da proposta da rádio, mas o mesmo concedeu de imediato a oportunidade e ali se iniciou a Roadie Metal, programa que apresento oficialmente desde o dia 10 de maio de 2014, após isso através da Roadie metal, lancei 8 coletâneas físicas envolvendo mais de 250 bandas brasileiras, criei a assessoria de imprensa da Roadie Metal e estamos em processo de finalização do primeiro e único DVD de clipes da história do Metal nacional, isso sem contar o site da Roadie metal e ser o único programa de metal em uma FM no estado de Goiás.

HMB: Que tipo de adversidades você encontrou pelo caminho nesses anos?
Gleison: O mais difícil com certeza foi à falta de apoio no início e a desconfiança de muitos com o trabalho, sem contar os vários invejosos que sempre buscam armas para tecer críticas ao trabalho feito, mas tudo isso eu resolvo com apenas uma coisa, trabalho, enquanto muitos metem o pau e saem criticando, ao invés de fazer algo para o cenário, eu mantenho meus pés no chão e vou seguindo com trabalho e a constatação que isso está sendo bem feito é o crescimento diário que a Roadie Metal vem obtendo, tanto por parte do público quanto por parte das bandas.

HMB: Visto que nos dias de hoje às pessoas demonstram pouco ou nenhum interesse pelo lançamento e pelo material das bandas brasileiras (salvo raras exceções), porque você resolveu investir e lançar as coletâneas Roadie Metal?
Gleison: Justamente para tentar trazer o interesse do público, se para as bandas hoje é difícil vender e divulgar os materiais físicos. Imagine sem um apoio ou estrutura por trás delas, a intenção foi justamente facilitar a elas a divulgação, claro que é impossível uma coletânea com 34 bandas, conseguir agradar a todos de ponta a ponta, mas tenho certeza que cada um que ouviu ou possua uma das edições da coletânea da Roadie Metal, conheceram ou começaram a acompanhar algumas bandas, suas preferidas, através das edições. Isso é algo que acho foda, saber que alguém lá em Manaus hoje possui uma edição e se tornou fã da banda X por conhecer ela através da coletânea.
Outro fator importante ao lançar uma coletânea, visando à ideia da primeira edição, no início da Roadie, eu me deparava com várias bandas e músicos tendo dificuldade em divulgar e expandir seus trabalhos, com isso eu comecei a pensar uma forma de ampliar isso e de fato na época me lembro de apenas duas coletâneas sendo lançadas no Brasil, isso em material físico, sem contar que uma delas tinha bandas de todo o planeta, dando espaço para apenas umas três ou quatro bandas nacionais e a outra era apenas de um estilo, confesso que posso estar me esquecendo de outras que já foram lançadas, mas na época eram essas que tinham força, hoje uma delas não existe mais e a outra continua com sua ideologia de mesclar trabalhos de bandas de todos os locais, se reparar vai ver que a Roadie Metal fez um pouco de história, não por inventar a roda, mas por reviver algo que já foi muito importante, olhe ao redor o tanto de gente que está tentando ou lançando uma coletânea, até pessoas próximas a Roadie entraram nessa, desejo todo o sucesso do mundo, afinal isso é necessário, mas só os fortes irão sobreviver (risos).

HMB: Agora, na edição de número 8, você resolveu lançar a coletânea em DVD, porque optou por este formado e qual vem sendo a aceitação da ideia e deste tipo de material pelo público?
Gleison: Domingo é um dia que eu procuro não fazer nada, apenas curtir a esposa e os filhos, e em um desses domingos eu acordei com uma vontade de fazer algo diferente, algo jamais feito e que seria inovador e de súbito me veio o pensamento em fazer uma coletânea em DVD, apenas com clipes oficiais de bandas brasileiras, imediatamente comecei a pesquisar sobre isso e se já havia sido produzido algo nesse padrão no Brasil.
No mesmo dia liguei para o Vitor Rodrigues do Voodoopriest e lancei a ideia a ele, o cara adorou e de imediato já disse que a Voodoopriest estava confirmada no projeto, pesquisei por quase dois meses com produtores, imprensa, selos, distribuidoras e vários outros meios, todos afirmando que jamais haviam produzido isso no Brasil, então comecei meio que na surdina a conversar com bandas que possuíam material para o projeto, fiquei impressionado pelo interesse dos músicos em participar do DVD, somente quando eu finalizei as vagas que anunciei a produção desse trabalho, enfim hoje posso ter a certeza que a Roadie Metal será a primeira a lançar uma coletânea em DVD com clipes oficiais e distribuição gratuita no país.

HMB: Isso quer dizer que a Roadie Metal em seus lançamentos em CD irá ser substituída pelos DVD´s de agora em diante?
Gleison: Creio que não, afinal não são todas as bandas que possuem de recursos para produzirem um clipe, mas a ideia e diminuir a produção das coletâneas físicas, creio que o volume 10 pode ser uma das ultimas nesse formato, confesso que produzir uma coletânea é algo cansativo e complicado. Participo ativamente de todo o processo, desde a arte ao processo de prensagem. O DVD a ideia é lançar um por ano. Janeiro ou fevereiro sai o volume 1 e creio que em 2018 o volume 2.

HMB: Qual o critério usado para escolha das bandas que farão parte dos seus lançamentos?
Gleison: O critério é muito simples, a banda necessita ter um clipe profissional, não aceito lyric vídeo e nem web clipe e aceitar nossas condições e termos para participar do DVD.

HMB: Sim, entendo, mas eu me referia não apenas as coletâneas em DVD, mas as em forma de áudio também.
Gleison: Sim eu entendi sua pergunta, a resposta foi exatamente sobre os dois formatos, quando menciono coletâneas físicas me refiro as de áudio.

HMB: Hoje o nome Roadie Metal é associado ás coletâneas, ao seu programa de rádio e a sua assessoria de imprensa, como você se desdobra para dar conta do recado com tantos afazeres no dia a dia?
Gleison: Você se esqueceu de mencionar o site, no qual tenho 22 redatores e dois editores que sempre tenho que estar á disposição para esclarecer alguma dúvida e apresentar as pautas principalmente do quadro “Roadie Metal Cronologia”, confesso que para que tudo ande bem engrenado eu tive que remontar meu planejamento, geralmente quando começo meu dia eu já tenho o roteiro montado na minha agenda, tudo que faço foi devidamente anotado no dia anterior, essa organização me ajuda e muito para controlar meu tempo e não deixar nenhuma falha nas minhas responsabilidades.

HMB: E hoje, seus trabalho se pagam? É possível custear os investimentos e gastos e ainda viver do seu trabalho, ou você ainda busca outras fontes de renda?
Gleison: Claro que é pago, hoje em dia muita gente acha que um trabalho de divulgação em alto nível é possível ser feito de coração, mas não, infelizmente não possuo os recursos necessários para poder bancar uma coletânea com uma tiragem alta totalmente de graça, o Metal nacional não possui investidores para esse tipo de projeto, uma banda que ousa e busca maior evidência sempre irá investir no seu trabalho, seja em uma publicidade em revista, site, rede social ou em uma coletânea, ao investir na coletânea da Roadie Metal a banda está assegurando receber uma quantidade desse material para ela poder vender, distribuir, sortear, da forma que ela quiser, sem contar que a coletânea Roadie Metal é distribuída gratuitamente para vários veículos de comunicação, com resenhas pontuais nos principais meios do Brasil, existe a distribuição para o exterior no qual mando quantidades de CDs para selos, produtores e distribuidoras, a arte gráfica e de prensagem me custam caríssimos sem contar os custos dos correios, para eu enviar apenas os álbuns das bandas custa em média R$30,00 por envio, eu geralmente envio 250 pacotes, incluindo mídia, bandas, público e exterior. Ninguém é obrigado a participar, mas as bandas que participam no fim sabem que o investimento foi válido, sua banda tem a divulgação massiva feita por mim que incluí a distribuição das coletâneas, sendo que apresento a todas as bandas as respostas que obtenho em resenhas, divulgação individual de cada uma no site da Roadie Metal, divulgação no programa de rádio, sem contar a evidência em que ela entra ao participar, tenho muito orgulho hoje de ser responsável por uma das principais coletâneas de divulgação do país.
Para ter uma ideia, falando sobre o DVD, quando ele sair irá ser um projeto ousado, o custo real desse investimento feito por mim é de R$8.000, isso se deve ao fato de eu não querer um simples DVD, no qual tu abre o case pega a mídia coloca em seu aparelho e pronto, assiste o DVD, não, a ideia é causar impacto e com isso desenvolvi um projeto junto a empresa que irá prensar o material, no qual ao se obter o DVD e ao abrir ele, você terá um livro com aproximadamente 36 páginas, sendo cada página direcionada exclusivamente a uma banda, nessa página terá o release, foto da banda e do álbum, letra da música, formação, links de acesso, telefone de contato e outras informações que agora me fogem da cabeça, esse valor chegou a esse custo devido justamente a quantidade de laminas que serão utilizadas no livreto, agora imagine mais os custos dos correios, que só saberei no dia da postagem do material.
As bandas investem no projeto e eu garanto o retorno da publicidade e divulgação.

HMB: Qual é a sua visão do cenário da música pesada nacional?
Gleison: Essa é uma pergunta complicada e de duas pontas, a primeira é a vasta e maravilhosa quantidade de bandas novas que surgem no cenário. A força e manutenção em alto estilo das veteranas do nosso cenário, lindo ver bandas como Claustrofobia, Torture Squad, Panzer e várias outras lançando álbuns magistrais, ver como a cena se renova com bandas que surgem com produções impecáveis e belíssimos conceitos criados em suas obras.
O outro lado como dito que eu vejo como ponto fraco é a falta de união, o que tem de gente tentando derrubar o outro por inveja, ou simplesmente não ser capaz de criar algo útil é algo assustador. Outro ponto ruim é a pouca oportunidade que muitas bandas novas possuem para se apresentarem nos grandes festivais, esse ano muitos festivais ou iniciaram ou voltaram, ok! Apoiando o metal nacional, importantíssimo isso, mas olhando bem, quantas bandas novas realmente tiveram oportunidade nesses festivais? É culpa dos produtores? Acho que não, afinal se tu montar um cast só com bandas novas, não chama o interesse do público, mas de cinco bandas que participam desses festivais uma ou duas fossem da safra nova, estariam esses produtores ajudando a formar as novas lendas do metal nacional? Acho que sim, mas infelizmente isso não é visto por eles.
Dou meus parabéns aos produtores do underground, que fazem o lance na raça e as coisas mesmo sem condições mínimas de qualidade, simplesmente acontecem e as bandas conseguem apresentar seus trabalhos.

HMB: E em sua opinião, não acha que se tornou cultural ao povo brasileiro denegrir o seu produto (seja ele qual for) em comparação ao produzido em outros países (sejam eles quais forem)?
Gleison: Um fator importante a se pensar antes de responder isso é: primeiro que na Europa ou EUA se você gostar de algo produzido, tu tem que comprar, download ilegal gera multa e dependendo dos casos da cadeia e processo, no Brasil a conversa é diferente, aqui grande maioria não valoriza o material das bandas, isso é fato, são poucos que ainda compram e disponibilizam verba para aquisição do produto nacional, afinal se tem de graça na internet, por que diabos vou gastar meu dinheiro!! Infelizmente é o pensamento de grande maioria, costumo chamar esse povo de metaleiros de facebook, acham que seu like é o suficiente para uma banda sobreviver. E tome Anita, Mc Gui, Maraia e Maraiza ao povo. Isso que o Brasil merece, se a banda “ Melanie Klain” vendesse 1.000,000.00 de copias com todo certeza estariam no Faustão ou Gugu, mas não, quem vende é o lixo massivo imposto pela mídia alienadora, depois vem dizer que Headbanger é uma filosofia diferente e inteligente e reclamam da grande mídia nunca dar espaço ao Metal, mas é claro dar espaço ao que não gera dinheiro? Quem em sã consciência faria isso?

HMB: Uma vez que quase não existe o incentivo financeiro de instituições públicas para que sejam feitas mais e melhores produções para o gênero e o público por si só não é capaz de gerar receita para a manutenção do cenário e também absorver a grande demanda de bandas que surgem todos os dias, seria o Brasil, uma nação de Web-Bangers?
Gleison: Pergunta interessante e complicada de responder mas em grande parte sim, somos uma nação de Web-Bangers, a grande maioria não se interessa mais em partilhar momentos e oportunidades com presença física, ou ate mesmo a compra de material, se bem que ao se analisar eventos de bandas do Mainstream ainda somos considerados um dos melhores locais para se tocar, mesmo o país em crise o Headbanger brasileiro sempre terá R$ 700 ou mais para ir a um grande show, mas aqueles R$ 20 para comprar um CD do amigo ou ate mesmo ir no show, nunca tem. Isso só irá mudar, quando a mentalidade do público mudar, agir com força e atitude nas redes sociais, não te faz um Headbanger e sim prestigiar, comparecer, convidar e levar o público até a banda é o que diferencia o verdadeiro apoiador do Metal nacional.

HMB: Apesar de sempre muito bem produtiva, percebo que nosso cenário deu um salto de qualidade há uns 10 anos, a que você credita essa mudança, onde a busca pela qualidade dita os caminhos e produções hoje em dia?
Gleison: Isso é uma soma de fatores, uma banda é como uma empresa, é necessário buscar sempre a melhor qualidade em seu produto na hora de apresentar ao seu cliente, hoje temos sim uma vasta melhoria na qualidade das bandas, poucas ainda não perceberam essa necessidade e recorreram as melhorias, além de se preocupar com a qualidade, hoje o mercado áudio e visual tem uma quantidade maior de empresas a dispor de produções com altíssimas tecnologias e preços mais acessíveis, além é claro de atualmente a própria tecnologia estar a serviço de todos e com extrema facilidade é possível você baixar e instalar programas de áudio e imagem para que as próprias bandas trabalhem a produção de suas musicas, mas claro que um produtor sempre é importante e imprescindível para as bandas.
Concluo que hoje a evolução da informação, fácil acessibilidade aos softwares de produção e maior quantidade de empresas que prestam esses serviços, facilitam e muito a vida das bandas na procura de melhorias a sua música.

HMB: Resuma Gleison Júnior em uma frase ou palavra.
Gleison: Essa é definitivamente a pergunta mais dificil, definir eu mesmo, bom vamos lá (risos), antes de tudo sou um cara muito família, apaixonado pelos meus filhos e esposa, sou muito grato a todos do metal nacional que acreditam em meu trabalho, sinto um amor incondicional pela música criada por nossos músicos e enquanto houver força, eu estarei aqui honrando o nome do Metal brasileiro.

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Gleison: Primeiramente muito obrigado a você JP, pelo espaço concedido, espero que as pessoas leiam saibam interpretar minhas colocações nesta entrevista, o recado mais importante que deixo é que ajudem o cenário nacional, compre material, vá aos shows do Underground, compartilhe as notas divulgadas pelas bandas, LEIA mais e deixe sua preguiça de lado. E se tu é um amante do Metal, eu te saúdo!