André Luiz, guitarrista virtuoso, nascido no estado do Paraná,
se interessou muito cedo por seu instrumento e de lá para cá, nunca mais parou,
já lançou quatros CDs onde mostra toda sua técnica e sua versatilidade em
explorar os mais diversos elementos em sua música. Dono de técnica apurada e
bom gosto, este professor e compositor desde 2009 vem lançando material e
realizando shows. Nesse bate papo, ele nos mostrou que humildade e
espiritualidade são os pontos fortes de sua careira. Confira a seguir.
HM Breakdown: Antes de começarmos, obrigado pelo seu tempo e
por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e suas
atividades.
André Luiz: Eu que agradeço, o prazer é todo meu! Em resumo,
tenho a música no sangue. Apesar da minha família não ser de músicos, acho que
pendi pra esse lado musicista através de amigos, como é clássico pra todo
iniciante nessa carreira musical.
HMB: E você sempre quis ser guitarrista ou experimentou
outros instrumentos até finalmente chegar à guitarra?
André Luiz: Comecei como baterista e depois fui para o contrabaixo,
mas minha adaptação maior foi nas seis cordas, e depois de ter visto o filme A
Encruzilhada, ali decidi que queria ser guitarrista e violonista. Treinava
horas e horas, isso me rendeu, em parte, um pequeno problema na coluna, mas depois
de um tempo fiquei curado. E em minha infância eu já tinha acesso ao mundo virtual
para estudar.
HMB: Então podemos afirmar que Steve Vai foi sua primeira
influência?
André Luiz: Sem dúvida! Lógico que tenho outras influências,
mas tudo partiu do gênio Tio Steve Vai (risos), depois disso passei a priorizar
não só as melodias, mas também a harmonia, que é a alma do negócio. Fiz muitos estudos
e pesquisas, durante esse período, do mundo exótico que chamamos de guitarra.
HMB: E quais são suas influências, percebo no seu trabalho
aquela urgência dos guitarristas do final dos anos oitenta, mas também um
feeling voltado ao blues, parecido com Robert Jonhson.
André Luiz: Exato, isso é uma grande referência, meus amigos
gostavam de Rock Progressivo e minha irmã sempre escutava Abba, Carli Simom,
Toto, Journey. Sempre fui fascinado pelos timbres vintage, por baterias com
alto efeito de reverb ou echo. Gosto de classificar minhas influências de
acordo com cada CD que crio. No meu segundo CD, Eclipse, tem uma música, Gira
Cigana (Flamenca), que exigiu que eu escutasse o grande mestre Paco de Lucia.
Em alguns casos, tem alguma coisa mais Rush ou até mesmo U2. Procuro pesquisar
guitarristas que saibam usar efeitos sem embaralhar o som. E o Alex Lifeson sabe
usar bem esse tipo de recurso. Também não esquecendo do grande The Edge.
HMB: Você tem três CDs lançados e está lançando um quarto,
Sky and Moon, que tipo de sentimento você tenta transmitir em suas músicas?
André Luiz: As músicas têm como fator a alma, são coisas que
vivo, leio, vejo. Procuro não fazer só a música, e sim tentar achar algum ponto
onde todos se identifiquem com o que estou querendo passar. Para ser mais
claro, procuro tirar algo que só minha alma sente! Nesse meu quarto trabalho, viso
esse ponto de vista (guerra, amor, paz, alma, divino, Deus), estes são fatores
que não deve faltar. Em cada CD há uma história!
HMB: Então você busca uma relação espiritual com seu
instrumento e com sua música, você acha que o brasileiro se identifica com essa
relação mais espiritualista da música?
André Luiz: Creio que a música hoje em dia não está tão
focada assim em construções, arranjos, sentimentos de paz, e sim focada em
deturpar a imagem com letras que não têm conteúdo. A espiritualidade não vem por letras e músicas
de baixo valor, a prova é que música é fácil, compare quadradinho de oito com
uma simples melodia de Us And Them, do Pink Floyd.
HMB: E como é ser um artista solo? Você utiliza músicos
contratados ou usa samplers nas suas apresentações?
André Luiz: No começo, tem que ter muita calma, as coisas
vão criando forma só depois de algum tempo. Músicos que querem viver da música
são poucos, e os poucos já estão todos contratados. Optei por usar samplers por
um motivo bem simples, excesso de bagagem (risos), essa é a única forma de ter
tranquilidade sem perder a cabeça!
Entendo que ter um trio faz uma presença maior em cima dos
palcos, mas prefiro não me estressar com certas coisas que, diga-se de passagem,
são complicadas! E também tem outro lado, o músico solista fica meio de fora do
som comercial, o mundo instrumental não é muito bem visto pelo lado popular, é
um caminho longo, mas que, com força de vontade, flui naturalmente. O sol
nasceu pra todos!
HMB: Conte-nos como foi a produção de Sky and Moon?
André Luiz: Como dou aulas de música, alternava de sexta para
sábado com as gravações, sem contar que tinhas shows pra realizar, coisas do
dia a dia! Então dei total liberdade ao Fernando (dono do estúdio onde Sky and Moon foi gravado) para equalizar as músicas,
entre outras coisas, como ideias de arranjo e coisas do gênero. As músicas
foram gravadas em um take só! Colocamos prioridade nos efeitos, que gosto muito,
isto em algumas músicas. Gravei as baterias em outras. Era bateria eletrônica,
como o programa que usei, Beat Craft, o resto foi manual! Não foi cansativo,
inclusive, em alguns momentos, eu improvisei na hora.
HMB: Como é o cenário musical para o seu trabalho na sua
região? Você acha que é possível explorar outras cidades e estados com sua
música?
André Luiz: Em qualquer lugar é possível, mas só em alguns
lugares é mais aceito. Na minha cidade, por exemplo, a aceitação demorou uns sete,
oito anos. O motivo é bem simples, o costume da galera gostar do instrumental é
escasso, mas não impossível. Mas se você canta, o espaço é aberto com
facilidade. É como eu costumo dizer, para quem conhece, o estilo é tranquilo, mas
para quem não conhece, é meio exótico, para não dizer estranho (risos). Para quem
me conhece, fica muito mais fácil o acesso! O esquema é acertar o público de
acordo com o som que você faz! Nas minhas apresentações, não toco só o Fusion, mas
misturo vários estilos para cada ambiente! Toco samba, chorinho, flamenco, Metal,
música clássica!
HMB: A capa de Sky and Moon foi elaborada pela artista
Camilla Porto, da Three Gates ArtSign. Como se deu essa parceria?
André Luiz: Tudo começou através da equipe Cranium Release, do
meu amigo Carlos. Ele me deu uma dica sobre a Camila, então foi uma coisa de
primeira, eu só passei a ideia e ela executou em um piscar de olhos o que eu
queria. A arte inteira foi ideia dela, a
minha participação foi só em algumas mudanças. Gosto de trabalhar com pessoas
dedicadas e que sabem realmente o que o músico precisa. Essa parceria já esta
prevista para os próximos CDs, até mesmo DVDs. Eu recomendo o trabalho da
Camila, a visão que ela tem é exótica e fascinante! Sem contar que ela faz o
trabalho com responsabilidade, o que é difícil encontrar!
HMB: Como foi para você ser eleito “Guitarrista Revelação do
Paraná”, em 2013? Fale-nos sobre essa premiação.
André Luiz: Ah sim! Isso para mim foi uma surpresa, sabemos
que nosso trabalho não foi em vão, ser eleito entre tantos outros músicos de fantástica
categoria!
Essa premiação veio por intermédio da Banda Curitibana Mega
Mix, que também deu um up nessa minha jornada. Agradeço a eles também, essa é
uma banda com ritmos variados. Por intermédio deles, estou onde estou!
Na hora da premiação, fiquei sem reação, vontade de tremer
não faltava (risos). Recebi o certificado das mãos do príncipe dos Godos do
Oriente, sem contar que havia grandes celebridades, como apresentadores de
grandes redes de televisão, então não era pra menos estar meio nervoso. A
simplicidade é a alma do negócio para chegar ao seu destino, existem alguns
sacrifícios. Explicar a sensação é difícil, não tem como detalhar!
HMB: O que podemos esperar de André Luiz nos palcos?
André Luiz: Tentar contar como é minha vida através das
minhas canções, apresentar algo que todos nós procuramos, compreensão nos
braços do mestre Celestial! E ao mesmo tempo energia, mostrando que a música é
o caminho para superar qualquer barreira, independente do estilo musical!
HMB: Planos para o futuro?
André Luiz: Meus planos futuros são: manter o que eu
conquistei durante esses anos de estrada e manter viva a arte, independente de
alguns acontecimentos, os quais todos nós já passamos, tanto na vida pessoal
quanto na arte, em qualquer área!
HMB: Resuma André Luiz em uma frase ou palavra.
André Luiz: Realização!
HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este
belo bate papo. Deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
André Luiz: Eu agradeço de coração pelo espaço e pela compreensão
sobre minhas respostas, espero não ter afetado ninguém com algumas coisas que
eu disse, mas não julgo, e sim digo o que é visível para o mundo! Se existe
Deus, por que temer a vida?
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