segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Débora Nunes, eu aprendo, eu me renovo, me reinvento.


Débora Nunes, vocalista da banda relativamente nova, Lascia. Com uma clareza imensa de ideias e posições muito claras a respeito do que quer para sua banda e sua música, Débora nos brindou com uma conversa franca e muito proveitosa. Confiram!

HM Breakdown: Olá Débora, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e suas atividades.
Débora Nunes: Obrigada, é um imenso prazer participar dessa conversa. É sempre um pouco complicado falar de nós mesmos (risos), vamos la!
Sou bastante determinada, gosto de correr atrás de tudo que idealizo, sou bastante focada, criativa, um pouco pilhada até, amo música, amo cantar e amo filmes de terror.
Eu sou bacharel em comunicação social e artes, radio e televisão, trabalho também com produção de TV e atuo como vocalista da banda Lascia.
A arte e a música sempre me atraíram, com 14 anos consegui realizar o sonho de estudar música, violão, teclado e então parti para aulas de canto, no decorrer dos anos fiz aulas de coral, canto popular, técnica vocal, por sete anos e canto lírico, logo montei minha primeira banda e daí para frente passei a tocar em diversas bandas covers, até me encontrar definitivamente na Lascia.

HMB: E porque você se resolveu pela comunicação social?
Débora: Por incrível que pareça foi aos 45  do segundo tempo, eu estava pronta para seguir carreira em ciência da computação quando me ocorreu que eu queria algo mais dinâmico, e aí o curso de comunicação tinha muito a me oferecer, incluindo como lhe dar com as pessoas de forma geral, em especial rádio e televisão era um conjunto de tudo que eu admirava e tinha curiosidade de aprender e saber como funcionava além de na parte técnica me oferecer muito conhecimento, isso ia me fornecer os pilares essenciais  para desenvolver qualquer trabalho artístico com qualidade e objetivo.


HMB: E dentro desses trabalhos artístico e fora a banda, você tem planos para esta área?
Débora: Eu trabalho com isso atualmente, mas tenho muito que aprender ainda, eu tenho planos para trabalhar com edição, mas isso vai depender de muita coisa.

HMB: Como foi para você começar a cantar e porque a preferencia pelo Heavy Metal?
Débora: Eu sempre admirei a arte de cantar, mas nunca havia me arriscado, começar a cantar foi um achado dentro de mim, antes de conhecer o rock, o metal eu achava que apenas pessoas com vozes estabelecidas pelo que tocava na mídia popular eram as certas para cantar, eu não tinha noção da amplitude do negócio.
Em casa o som pesado não fazia parte da seleção de músicas, porém havia muito material de músicas internacionais, e LPS de novelas, que quase sempre tinha uma balada de bandas de Rock, eu me identificava com aquelas músicas, o som parecia fazer parte de mim, até que percebi que era confortável canta-las, comecei a comprar CDs, revistas, e queria cantar aquelas músicas com técnica para conseguir fazer o que eu não conseguisse sozinha. Quanto ao estilo, fui atrás de cada banda que me identificava, seja pelo som, pela voz, pela letras ou ideologia, primeiro nas bandas de Hard Rock e aí foi só um pequeno passo para o Heavy Metal.
Meu maior desejo era estudar canto para conseguir cantar tudo que parecia difícil, minhas músicas preferidas e faze-lo bem feito. A preferencia pelo Heavy Metal é porque é um som que mexe comigo de diversas formas, eu me encontro nele, eu aprendo, eu me renovo, me reinvento.

HMB: Você acha que todas as pessoas devem perseguir os seus sonhos, independente da aparente distancia que ele parece ter?
Débora: Com certeza, acho que devemos ser persistentes, pois nunca sabemos o quão distante ou não nossos objetivos estão, tudo pode acontecer,  claro que as coisas não acontecem como mágica ,mas muito depende da nossa vontade e determinação.


HMB: Como é ser uma mulher em uma banda de homens?
Débora: É divertido! A parte de organização, os comunicados ficam por minha conta, dou opinião nos looks para sessão de fotos, é uma honra, me sinto lisonjeada, é gratificante, sempre me dei melhor com amizades do sexo masculino, no caso da banda um deles é meu namorado e os demais são verdadeiros irmãos, amigos, pessoas maravilhosas e de muita confiança que tive a sorte de encontrar e dividir o palco e as ideias.

HMB: Fale sobre a Lascia.
Débora: Adoro essa parte (risos), a Lascia marcou uma nova era p mim, foi quando resolvemos deixar de vez de fazer cover e pegar pesado com o som próprio, no inicio ainda estávamos um pouco em duvida com relação ao estilo, quem ouviu as demos sabe que era algo bem mais alternativo, com sampler e voz mais limpa, mas esta no sangue (risos) som pesado e vocal rasgado era a preferência e não demorou muito para encontrar o estilo ideal para a banda, logo associamos a temática das letras, a paixão pelos filmes de terror e as formulas da Lascia começaram a ganhar consistência, demorou um pouco para encontrarmos as pessoas certas, com as idéias certas, dispostas a um trabalho sério praticamente começando do zero, não foi fácil, mas como costumo dizer, valeu a pena esperar, e agradeço a cada não de outros integrantes, porque esse time é exatamente o que eu buscava desde o inicio. É o time de peso que faz a banda ser o que é, o Diego sempre opta por riffs marcados e de peso, o Humberto é muito criativo nas linhas de bateria, o Allan sempre percebe os detalhes, cria dedilhados lindos e melódicos, o Denis sempre acrescenta peso e cria ótimas linhas p baixo. Acho que a Lascia tem muita sorte, embora haja muito a ser feito, vamos crescer muito juntos, sempre aprendo com cada um.

HMB: Vocês lançaram agora o EP "Nightmare", como vem sendo a aceitação do material?
Débora: Sim, acabamos de lançar o "Nightmare" e é uma grande realização para todos nós, estamos muito felizes com esse momento, e por outro lado lembra-nos que temos muito trabalho com nosso futuro álbum que está em fase de composição.
A aceitação tem sido bastante adequada, recebemos criticas muito positivas, tivemos um retorno bem bacana principalmente por se tratar de uma banda relativamente nova no cenário, muitos estão descobrindo a Lascia agora através desse lançamento, é bem legal ver pessoas desconhecidas e até mesmo de outros países, nos parabenizando pelo trabalho, por enquanto estamos divulgando a versão on-line do material, mas vamos fazer as cópias físicas também.


HMB: Apesar de intimamente ligado ao estilo, poucas bandas hoje em dia abordam temas de terror, então. Por que vocês seguiram por este caminho?
Débora: Bom, o macabro tem lá seu charme (risos), além de gostarmos muito de filmes do gênero, era a deixa perfeita para nossas letras , não queríamos trabalhar com temas pessoais apenas, queríamos algo abrangente e esse tema tem muito a nos oferecer, além de que podemos dizer muito nas entrelinhas, é uma inspiração para a parte sonora também, as composições  ganham um "Q" a mais baseadas nisso , o clima de mistério é bem atrativo e nos da uma ampla visão para performances e a construção do show, o peso do som colabora para deixar tudo extremamente favorável.

HMB: E como é o desenvolvimento da parte lírica?
Débora: É preciso inspiração mesmo tendo um tema pré-estabelecido, dependendo do personagem eu tento captar o melhor, a essência e tento ao máximo expressar com palavras o tipo de sentimento do personagem ou da cena em questão, a dor, agonia, adrenalina, tento viver aquilo por alguns instantes para retratar da melhor forma, não é apenas contar uma história, tem que senti-la.
Já trabalho isso em cima das bases da música, e quando percebo a melodia também está criada.

HMB: Então você se vale da literatura para criar suas letras? O que você pensa da literatura de terror brasileira?
Débora: Atualmente estão mais voltados para filmes norte americanos , alguns clássicos, outros não, mas sim a literatura está presente o tempo todo, até porque boa parte dos bons filmes partem de bons livros e em alguns casos até quadrinhos, como é o caso do Corvo. Quanto a literatura de terror nacional, eu acho bastante atrativa, creio que dariam bons filmes também, temos ótimos autores aqui e acabam não devendo nada para os grandes mestres do horror estrangeiros a quem provavelmente se inspiraram.

HMB: Qual a sua opinião sobre o cenário da música pesada brasileira?
Débora: O cenário da música pesada brasileira tem bandas muito boas, mas uma grande parte delas com pouquíssima divulgação, infelizmente existe pouco espaço, espero que esse cenário cresça cada vez mais e conquiste o espaço merecido. 


HMB: Como vem sendo os shows da Lascia? Você acha que o público prestigia e dá força para os eventos de bandas nacionais?
Débora: Então, a Lascia vai começar os shows agora, nós preferimos finalizar o EP antes de qualquer coisa e por isso nos privamos dos shows durante o período de composições e gravações, agora que vamos descobrir de fato.
Quanto ao apoio do público, no cenário infelizmente muitos ainda preferem ir a shows de bandas covers, porém muitos não frequentam shows de bandas autorais pelo fato de não conhece-las, por outro lado os que frequentam são bastante fiéis.

HMB: Na sua visão, qual seria a fórmula mágica para mudar essa realidade?
Débora: É complicado, acho que não existe uma formula mágica, talvez mais eventos voltados para bandas autorais, mais mídias, talvez a partir do momento que as bandas autorais tiverem mais espaço, o público vai crescer, o público não pode apoiar ou gostar de algo que não conhece , que não os atinge, precisamos atingir essas pessoas, por outro lado falta um pouco de interesse do público, pois quem procurar por bandas autorais de som pesado com certeza vai encontrar diversas muito boas, creio que por parte das bandas todos fazem o possível, mas precisamos de mais apoio.

HMB: Mas a mídia especializada está ai, nos mais diversos formatos e segmentos. Não será por que o brasileiro tem o péssimo hábito de se por em segundo lugar e por isso, acaba não valorizando sua cena e suas bandas por acharem que tem menor qualidade?
Débora: Essa é uma boa questão, eu também sou muito fã de bandas internacionais, as minhas maiores influencias são internacionais, é verdade a mídia especializada esta aí, mas no país do samba, sertanejo, pagode e do funk ainda temos pouco espaço, na cultura brasileira tem pouquíssimo espaço para o rock, a cena cresce a cada dia mas não dá para dizer que somos maioria, não acho que o brasileiro se coloca em segundo lugar por ser fã ou valorizar bandas de fora, aqui existem ótimas bandas e se forem de qualidade e tiver o espaço merecido vamos gostar e apoia-la da mesma forma , existem bandas com qualidade e sem qualidade em qualquer lugar, se uma banda é realmente boa, e tem os elementos certos, ela vai aparecer no cenário mais cedo ou mais tarde, ela pode não ficar superfamosa, mas terá seu trabalho destacado onde for, não posso julgar ninguém por ser fã de grandes nomes do metal que de repente não são daqui, acredito que com um bom trabalho temos reconhecimento em qualquer lugar do mundo.


HMB: Planos para o futuro?
Débora: Meus planos para o futuro tem tudo a ver com a Lascia, muitos shows, muitos álbuns e o que de melhor possa vir a nós.

HMB: Resuma Débora Nunes em uma frase ou palavra.
Débora: Essa é difícil, vou tentar: Determinação!

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Débora: Eu que agradeço o tempo e espaço cedido, foi um grande prazer poder falar um pouco de mim e em especial da Lascia, esse momento está sendo muito bom para a banda.
Bom, a mensagem que eu deixo é: Corram atrás de seus objetivos, e ouçam nosso primeiro EP que acabou de ser lançado.
Obrigada a toda equipe do HM Breakdown, muito sucesso a vocês.
Não poderia deixar de citar nosso slogan:
Stay Awake, Stay Alive. 
Obrigada JP, foi um prazer.

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