Daniel Monfil, vocalista da banda Hate For Revenge, um cara
que aprendi a admirar pela simplicidade, sinceridade e também, pela simpatia. Além disso, nesse bate
papo, nos mostra que é um cara dedicado, focado no seu trabalho e nos seus
objetivos. Confiram a seguir.
HM Breakdown: Antes de começarmos, obrigado pelo seu tempo e
por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e suas
atividades.
Daniel Monfil: Boa Noite a todos, meu nome é Daniel Monfil,
vocalista do Hate for Revenge. Tenho 35 anos e comecei a cantar em 1995. Tive
muita Influência do Metal Tradicional. Desde meus onze anos, curto Heavy Metal
e comecei ouvindo tudo Relacionado Ao Metal (Iron, Judas, Pantera, Etc.).
Um dia, cantando de brincadeira (lembro até hoje da música:
A Promisse of Love, do Wizards do
Christian Passos), achei que eu tinha uma voz legal e fui atrás deste sonho de
adolescente. Após passar por bandas menores tocando covers, corri atrás para
fazer minhas músicas. Entrei No Hate for Revenge em 2004 e, depois de um tempo,
nos trabalhos da banda. Voltamos com tudo em 2013. Hoje, o Hate for Revenge é
como um filho pra mim e estou muito animado com nosso atual momento.
HMB: O Hate For Revenge foi formado em 1999, mas você se juntou
à banda somente em 2004, e logo gravaram o EP “Conquerors of a New Age”, qual
foi sua contribuição para a criação desse material?
Daniel: Tive algumas ideias para várias músicas e também
completei algumas letras inacabadas. Lembro que a banda vinha de um momento
complicado com o antigo vocalista e entrei já num processo de criação do EP bem
avançado. Tudo era muito novo para mim, mas percebi que a banda era muito boa e
com músicos realmente talentosos.
Minha principal lembrança do EP "Conquerors of a New
Age" foi a grande responsabilidade de fazer um belo trabalho. Foram seis
meses de muito ensaio.
HMB: A banda gravou um CD que nunca lançado por conta do
encerramento de suas atividades, e este não contava com você nos vocais, o que
você pode nos falar deste trabalho?
Daniel: Verdade, este trabalho foi todo gravado e seria
nosso debut. Mas infelizmente tivemos
muitos problemas de relacionamento. Eu participei de todo processo de criação
do CD, mas infelizmente saí um mês antes do início das gravações. Hoje, ouvindo
o CD, posso afirmar que estas dez faixas teriam uma boa repercussão da mídia
especializada, mas não temos intenção de lançar um CD feito em 2007. Apenas
posso adiantar que futuramente algumas faixas podem aparecer como faixas bônus.
HMB: E vocês voltaram em 2012, qual foi a motivação para
retornar com o Hate For Revenge?
Daniel: Nossa motivação foi que havia algo a ser feito ainda
pelo Hate. E foi tudo muito natural, nada foi forçado. Eu fiquei parado por
quatro anos sem cantar, estava decidido que se não voltasse ao Hate for Revenge
não cantaria mais. Tive várias ofertas pra voltar, coloquei meu projeto solo em
prática, cheguei a gravar duas músicas deste projeto ,mas nada foi lançado
(quem sabe um dia). Mas queria o Hate, estava focado nisso. E quando finalmente
voltamos a rever alguns conceitos e também reativar nossa amizade, digamos o
próximo passo seria a volta do Hate For Revenge. Foi Muito Gratificante esta
volta, mas também tivemos dificuldades para achar um time exato, demorou quase dois
anos pra acertar os integrantes.
Agora estamos muito focados e unidos para atingir nosso
objetivo de ainda em 2014 gravar nosso debut finalmente. Digamos assim,
nós sentimos que deixamos a banda no
meio de algo. Faltava algo, acabar como aconteceu, foi muito triste. Acho que
esta talvez seja a nossa maior motivação. Fazer um grande trabalho com o Hate
for Revenge.
HMB: E como se dá o processo de criação da banda?
Daniel: Bem, mesmo não sendo uma banda grande (empresa),
tentamos ajeitar as coisas como uma. Cada integrante ficou a cargo de algumas
tarefas, eu mesmo fiquei com a parte de assessoria e comunicação. Dividimos
tudo: shows, ensaios, produção e tudo que uma banda precisa. Neste caso, a
criação da banda ficou a cargo do nosso guitarrista, Ricardo Oliveira e do baixista
Belmilson (Bilão). Eles criam as músicas
e deixam bem adiantadas nossas composições. Fiz algumas letras e o Belmilson
também fez algumas, e quanto às melodias, estou fazendo em casa, apresento
depois uma ideia concreta à banda sobre melodias e letras. Mas, basicamente foi
feito deste modo, algumas coisas em casa e outras em estúdio. Diferente da
outra fase, onde as músicas já vinham mastigadas (melodias, letras, solos, etc.),
hoje estamos bem mais organizados e com o processo de criação bem adiantado.
E pode até ser um comentário simples, mas estamos adorando
este novo jeito de criação. Definitivamente acertamos em cheio desta vez.
HMB: As novas composições seguem a linha tradicional do Hate
For Revenge ou vocês buscam agregar novas influências?
Daniel: Acho que estas novas composições vão surpreender a
todos, posso adiantar que todas as influências foram colocadas nas músicas
novas. E também sei que será um novo Hate. Nossas músicas antigas são boas, mas
ficaram datadas e tinham outra vibe, eram de outra época, agora estas novas
estão muito mais pesadas. Onde poderei cantar tanto melódico como gutural,
tivemos grandes ideias, tem uma faixa que já está chamando nossa atenção e
botamos muito fé neste som, que se chama Lonely. E estamos pensando em mudar
algumas afinações, mas nada definido ainda.
Posso afirmar com certeza será um grande passo para o Hate
for Revenge. O ano de 2015 promete muito para a banda e estamos animados com
todas as possibilidades, principalmente com alguns shows já visualizados.
HMB: Você é um cara muito versátil, como você cuida da sua
voz?
Daniel: Praticamente quase não cuido da voz. Lógico, procuro
evitar bebidas alcoólicas e também gelado. Antes dos shows, faço um aquecimento
vocal. Este ano sofri um pouco com uma gripe fortíssima que peguei. Sofri
bastante para fazer alguns shows. Mas consegui fazer bem os vocais. Sim, claro que
não foi 100%, mas no fim deu tudo certo.
HMB: E como andam os shows para o Hate for Revenge?
Daniel: Excelente pergunta. Bem, apesar do Hate estar parado desde 2008, afinal o último show
foi em 2008, tivemos uma grande recepção do público, lógico que tivemos shows
muito bons e outros talvez menos divulgados. Agora esta pergunta foi muito boa,
pois ando muito preocupado com a cena Underground. Infelizmente está infestada
de bandas covers e o público está dando muito mais bola para este tipo de banda
do que para bandas autorais.
Sei que cada um tem seu jeito de tocar e tem seus limites. E
lógico que dependendo da habilidade de cada um, o músico de hoje procura o
melhor meio de se expressar. Mas hoje basta tocar meia dúzia de músicas covers
e alguns já se acham os rock stars.
Sempre tive vontade de fazer minhas músicas. Também toquei
covers, foi um aprendizado, mas todos precisam evoluir e acho inaceitável tocar
a vida inteira músicas dos outros.
Está é minha opinião em relação o cenário Underground.
Acho muito melhor você divulgar suas músicas e partir para
um esquema muito mais difícil. E quanto ao público, realmente esta mentalidade
precisa mudar. Afinal só curtir bandas famosas ou covers está matando as bandas
que não são famosas ou querem fazer um trabalho profissional.
Bem, sem contar com as condições que alguns produtores
atualmente estão pedindo ou exigindo.
Acho um absurdo a banda ter que vender ingressos ou tocar em
dias fora de questão. Estas são algumas das brincadeiras dos produtores para
bandas autorais. Músicos sendo obrigados a vender ingressos, pois esta
obrigação nunca foi nossa. Realmente, hoje muita coisa mudou e espero que o
público e os produtores acordem.
Tocar Metal no Brasil já é muito difícil e agora está muito mais
difícil, e digo, qualquer vertente voltada ao rock. Precisamos mudar logo esta
cena Underground ou em dez anos, e talvez até menos, não haverá mais cena. Fica
a dica.
HMB: Você não acha que o desinteresse do público com as
bandas autorais esteja diretamente ligado a oferta excessiva, muitas vezes,
deixando a desejar em qualidade?
Daniel: Sinceramente não, até porque com o advento da Internet
todo mundo pode pesquisar tanto as bandas como o lugar em si. Mas também penso
que se houver um festival onde tenham apenas três ou quatro bandas, onde
somente uma você conhece ou curte, não custa nada você prestigiar o trabalho das
bandas. O que realmente está deixando alguns fãs desapontados são bandas se
achando grandes e tratando mal os fãs. Toquei um tempo atrás no interior e um
vocalista de uma banda pequena (igual a minha), simplesmente esnobou todos os
músicos do festival e fãs também. Isto queima o filme da cena e da banda em si,
eu sempre trato todos bem, com educação e, se possível, procuro arrumar CDs da
banda ou simplesmente trocar uma ideia com os fãs.
Quanto à oferta excessiva, acho bom, pois temos varias
vertentes e muitas bandas, isto faz a tal oferta excessiva. Agora a qualidade é
culpa 50% da banda e 50% da casa. No mínimo, a casa deve dar uma estrutura
legal e a banda estar bem ensaiada. Feitos estes detalhes, a chance do show ser
de baixa qualidade é mínima.
HMB: Então, deveria haver um profissionalismo da cena?
Daniel: Certamente que sim, desde as casas, produtores e até
os músicos.
Digo um profissionalismo total. Vou citar o Hate como
exemplo, nós dificilmente ganhamos um cachê legal (no máximo pagamos nossas
despesas), mas mesmo assim levamos nossa banda como profissionais.
Eu sempre procuro fazer o melhor ou bem feito, isto pra mim
é ser profissional.
Porém algumas casas não tem estrutura! Temos que acabar com
este bagunça. A cena tem bandas excelentes, muitas de qualidade. Temos
produtores sérios, casas muito boas, que tratam as bandas com dignidade e
seriedade.
Realmente precisamos colocar este profissionalismo em
primeiro lugar para colher futuramente coisas boas. Fato!
HMB: Uma casa de São Paulo, chamada Inferno, e que fica em
plena Rua Augusta, está abrindo espaço para o Heavy Metal. Além da ótima
localização, possui equipamento de
qualidade. Você acha que prestigiando os eventos que acontecem lá, o público e
as bandas podem passar a exigir melhor qualidade e com isso mudar essa
realidade? Ou cada caso é um caso?
Daniel: Sinceramente sim, esta casa que você citou é muito
boa, tem uma qualidade sensacional. Hoje tenho convicção que todo mundo quer
tocar lá. São muito profissionais, dando total apoio às bandas e também ao público.
Tenho certeza que, como foi dito, esta é uma das casas que podem mudar esta
realidade. Acho que este exemplo do Inferno Club é um caminho, para que público
e bandas cheguem a este patamar profissional.
Vou citar o Hell Metal Fest no Inferno Club, grandes bandas, lugar excelente,
equipamentos muito bons, lotado de público, etc.
Este é o segredo, juntar tudo de bom. Duvido que tenha uma
crítica ruim sobre este evento.
Mas também existem várias casas quem não fazem questão de
mudar.
Existem outras muito boas, mas infelizmente só tocam bandas
covers, dificilmente abrem espaço para bandas autorais. Mas definitivamente cada caso é um caso.
HMB: Planos para o futuro?
Daniel: Bem, espero
conseguir consolidar uma carreira musical bacana, gravar um CD ainda este ano
(na minha humilde opinião está ficando muito Legal), estabilizar nossa formação
e fazer grandes shows.
No âmbito pessoal, espero também atingir meus objetivos logo
e continuar mantendo minha linha de conduta.
O Hate conseguir alcançar o nosso tão sonhado patamar, um desejo
desde que iniciamos esta banda e que infelizmente foi interrompido durante
algum tempo, mas com muita luta e persistência, vamos buscar nosso espaço
novamente.
HMB: Resuma Daniel Monfil em uma frase ou palavra.
Daniel: Um cara sério, honesto e que não faz média com
ninguém.
Frase: Falo sempre na cara e não tenho medo das
consequências, sejam boas ou ruins.
HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo
bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Daniel: Agradeço o espaço que você me deu, para em poucas
palavras explicar alguns pontos bastante interessantes da nossa cena. Agradeço também
quem sempre acompanhou minha carreira no Metal Brasileiro e tenho ainda muito
chão pra percorrer.
Aos nossos fãs, aguardem o debut do Hate for Revenge (prometo
que vocês vão gostar muito).
E vamos agitar esta cena Underground. Muito Obrigado e um
grande abraço. Até a próxima, galera.
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