terça-feira, 8 de julho de 2014

Cezar "Heavy" Bastos, nem melhor nem pior, apenas diferente.


Cezar “Heavy” Bastos, músico, radialista e um batalhador do Underground brasileiro. Sempre buscando mostrar o cenário de forma abrangente e diversificada, e foi com essa mesma paixão que ele nos concedeu esta entrevista e claro, não deixou pedra sobre pedra. Confira.

HM Breakdown: Antes de tudo, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos fale sobre você e suas atividades.
Cezar "Heavy" Bastos: Morando em São Paulo, aos 16 anos, tive meu primeiro contato com um instrumento: minha primeira guitarra. Antes eu atormentava os instrumentos dos primos e dos amigos. Essa guitarra era uma Giannini que ganhei de minha mãe de aniversário e, daí para frente, começa a história.
Músico autodidata, mas, estudei com alguns professores em São Paulo, um pouco de violão clássico, e foi só. Minha vida era mesmo o Rock’n Roll! Comecei com a banda Curse. Era um som Death/Thrash da época (anos 80). Pesadão e tosco. A banda durou alguns anos e depois desse tempo cada um seguiu seu caminho. Foi maravilhoso! Logo vieram as bandas Dahmer onde eu era vocalista, mas toquei baixo e guitarra em várias formações. A Vulva Vulgar foi uma banda também, com um puta potencial, som próprio, clássicos do Rock. Nessa banda eu tocava guitarra.
Na sequência veio a banda Crom; um Heavy Metal bem feito, em inglês. A banda fez várias apresentações memoráveis e era bem conhecida na Zona Leste de São Paulo. Nesta banda eu fazia vocal e de repente, o baixista deixa a banda e assumi os vocais também. Começando minha carreira como baixista e vocalista. Por uma série de fatores a banda se dissolve.
Com a banda Us Arghh (Grind/Hardcore) toquei bateria e até gravamos uma demo. Mas meu lance era o contrabaixo. Isso já em meados dos anos 90/96, época da minha saída de São Paulo (Capital).
Vim para o interior, Lorena, Vale do Paraíba, consegui encontrar uma galerinha do Rock e a partir daí, comecei a infiltrar minhas ideias, sons e coisas assim no pessoal da cidade. Foi então que veio a banda Phobia. Banda pioneira no estilo na cidade e que fiz em várias formações vocal, guitarra e baixo.
Na sequência veio o lado mais profissional da coisa com a banda Alquimia. A banda fazia covers de Rock nacional, Heavy, Hard... Sempre tocando em bares e festas universitárias. Saindo da banda Alquimia, veio a banda Tublues. Banda que até hoje vinga fazendo aquele Rock’n Roll e Blues que não deixa ninguém ficar parado. Na Tublues, entrou ainda na banda Medellin, que fazia covers de clássicos do Rock e do Metal.
Ainda teve mais uma banda Grind: Decomposição Social onde eu fazia baixo e vocal também. Era uma puta sonzeira!
Umas das bandas que marcaram muito também foi a Judas Priest cover. Era uma banda com músicos sensacionais, que tocavam com muito amor e tesão. Na banda eu fazia a parte do mestre Halford!
Hoje estou fazendo os costumeiros Free Lancer, estou com a Tublues e a Creedence Rock’s que faz, é claro, cover do Creedence Clearwater Revival , mantenho um projeto, o Brazilian Stoner Rock’n Roll que é um projeto de lançamentos de CDs virtuais para divulgação das bandas independentes que tem dificuldade em mostrar seu trabalho.

HMB: Além de músico, você também faz parte da Stay Rock Brasil e tem um programa, o No Class (não Stay Class, risos) onde você toca músicas das mais variadas vertentes do rock? O que te levou ao rádio e nos fale sobre o conceito do No Class?
Cezar: O que me levou ao rádio?  Boa pergunta!  Recebi o convite do amigo Johnny Adrianni pra fazer um programa do jeito que eu quizesse;
Nesse tempo, eu nem sabia e nem imaginava como seria isso. Ele foi me dando dicas de como fazer e tal... Pronto, saiu o primeiro. Um horror (risos)! Era o Brazilian Stoner Rock'n Roll pela Solid Rock, há cinco anos.
Aí, me aparece o tranca, mór: Renato Menez. Tinhamos contato por ele ja curtir o som da Tublues e ele me disse que queira montar uma rádio on line , me fez o convite e deu no que deu. Stay Rock Brazil.
Estamos, há cinco anos detonado Rock de verdade na internet com uma puta equipe de conhecedores profundos no assunto. Tudo tiozinho doido (risos). O  mais importante: O Rock Nacional em 1º Lugar! E o No Class é a parte suja da Stay Rock (risos). O nome ja diz tudo. Sem Classe!
O lance do programa é rolar tudo que é pesado, podre, sujo. Enfim, Rock em geral. Tem também o espaço para entrevistas com músicos e bandas e lançamentos exclusivos. E já passou muita gente por aqui. Toda quinta-feira, às 21 horas, ao vivo, reprisando na sexta, às 14 horas. Quem quiser rolar um bate-papo no programa, é só adicionar no skype: cezarheavy


HMB: A cena underground no Brasil é muito forte, mas só se movimenta pela paixão das pessoas que editam programas de rádio, web TV, blogs e organizam shows. Como você vê o cenário da música pesada no Brasil?
Cezar: Não sou muito chegado em responder essas perguntas que questionam. Mas, vou falar por mim!
Tirando as bandinhas de músicos de final de semana, as coloridas, as pseudo-rock e todas essas bostas, vejo assim:
 O Metal: o melhor que existe. O nível do metal brasileiro chegou a um ponto que, não me preocupo em ouvir bandas de fora. Claro que escuto, mas, não daquela forma de como era antes. só existiam eles. Isso não existe mais! E tem  mais!! Digo o mesmo sobre o Metal Latino.
O Rock'n Roll, Hard-rock etc... Sensacional! Maravilhoso! A cada dia escuto uma banda diferente que faz pirar o cabeção, e outras que me fazem vomitar; de tão ruim que é. Assim é com  o Stoner, Doom, Blues, Blues Rock entre outros estilos e bandas que fazem um som de pau duro, com garra, vontade e tesão.
Pra ficar melhor, é só o povo, ouvintes e aficionados pelo real Rock, olharem mais, dar mais a valor ao pessoal que faz isso acontecer, divulga,  se acabar preparando programas e escrevendo matérias pra divulgar uma banda. Pois tem banda e músicos por aí que, tão pouco se fodendo para o que você faz por ele, depois que você os divulga, eles te tratam como bosta. Nem um obrigado ou reconhecimento. Você deve saber como é, né?  Você faz esse trampo também.
 Mas é isso. As bandas brasucas estão fodas! Só falta mais espaço para os autorais! Público tem!

HMB: Como poderíamos destacar as bandas autorias? Com show melhores? Produções melhores? Visto que a midia dita especializada de grande porte abre espaço para 98% de bandas internacionals e o restante para as bandas nacionais.
Cezar: Essa pergunta é parecida com uma outra, já respondida, mas é boa.
Destacando as bandas autorais: Espaço para mostrar seu trabalho, valorização e exposição. Da mesma forma que as gringas são massivamente expostas na mídia aqui, já passou da hora de fazer o mesmo com nossas bandas. Uma coisa que fode muito também, são os tapados musicais. Aqueles que ficam dizendo que o Rock Brasileiro não existe. Na mente desse filho da puta não existe, porque ele não tem o interesse de procurar e se antenar com o que acontece na cena. Fica nas FMs pseudo Rock da vida, é isso que dá.
Produção e shows: Os últimos shows que tenho visto, seja em eventos de grande porte e menores, percebo que a coisa vem melhorando sempre. Você percebe o esforço do querer fazer o melhor a cada show e evento.É uma grande evolução.
Quanto a shows: Muitos estão acontecendo, vários fests autorais em lugares de todos os tipos só com bandas fodas, novas e velhas.
Já que, donos de casas e bares só dão valor a bandas cover, que enchem o rabo deles de dinheiro falso. Taí mais um motivo de tanto nego baba ovo de banda gringa e não conhecer as brasileiras.
Essa mídia "especializada" de grande porte é a pior que existe. Escrevem merda, falam o que não sabem e só dão valor aos puxa sacos e aos lambe bolas. Se não pagar um pau pra eles, não entra. Acompanhem a cena Underground feita por gente que é do ramo, que se mata pra valorizar o que gosta e o que faz, sem querer nada em troca. Existem várias na internet que dão o sangue pelo nosso Rock'n Roll e não ficam babando ovo de gringos e nem de bandas que se acham e que pensam que controlam tudo. Tenho dito.

HMB: Ainda insistindo no assunto, com o crescimento dos blogs, de web rádios e sites voltados ao Heavy Metal, você acha que só não acompanha o que acontece aqui no quintal de casa se não quiser? E mais, será que somos tão culturalmente xeniflistas ao ponto de renegar o que de melhor se faz pro aqui?
Cezar: Sim. Muitos sites, blogs, web rádios aparecendo, é muito bom! Porém, saiba escolher. Tem muito Maria vai com as outras por aí, que pensam que estão ajudando, mas, só estão fodendo mais ainda, devido a noticias falsas, má pesquisa e informação em geral, etc.. Peneire o que você acha coisa boa! Exite muita coisa boa! Digo isso aos fãs do Rock Nacional, aqueles que querem pesquisar, caçar bandas novas, escutar algo diferente, enfim... Não saia lendo e acreditando em qualquer site. blog, etc... Muitos gostam de foder nosso Rock.
Quanto a nossa cultura, hummm! Creio eu que ainda somos baba-ovos de Europa e USA. Se eles soubessem o quanto de bandas fodas, nosso Brasil tem, não iriam se preocupar com tantas merdas que vem de fora. E digo mais: Não só aqui! Na nossa América! Bandas argentinas, chilenas, peruanas, paraguaias, em todos os países da América Latina, que não devem nada a gringo algum. Seja no estilo que for. Enfim, a coisa está melhor que há uns anos atrás; graças a internet. Mas pode melhorar ainda! Pesquisem, corram atrás, perguntem. Tem muita banda aqui esperando por você!


HMB: Você é um disseminador do rock nacional em todas as suas vertentes, e abre espeço no seu programa para todas as bandas que o procuram, já houve casos em que você teve que lidar com pessoas, digamos, mal agradecidas?
Cezar: Sim! Várias! E posso adiantar que não são de bandas novas, mas sim, de bandas das antigas! De bandas e músicos que sou fã. Mas não é por isso que irei deixar de gostar da banda.
O engraçado é que, essas pessoas, que desrespeitaram o trabalho que faço na rádio e a rádio, nos menosprezando, no outro dia, abriram o rabo pra mídia grande, àquela que você tem que babar ovo.
Não tem problema. A Vingança vem a galope! Hoje nosso trabalho é respeitado, é digno, honrado e honesto. Não cobramos um centavo por nada que fazemos por bandas ou músicos. Bandas e músicos são livres para enviar material físico, que quando enviados, são sorteados aos ouvintes e fãs.
Não vou citar nomes, já estão em fim de carreira, virando estrelas anãs. Deixe-os morrer por si próprio.

HMB: Como foi voltar com a sua antiga banda, o Crom, depois de tantos anos?
Cezar: Um grande tesão! Era uma coisa que todos queriam. Sempre  achei o o som da banda muito foda e voltar com a formação original de 92/93 foi demais. Temos muita coisa para mostrar ainda, inclusive, tem um festival anual na cidade de Cachoeira Paulista, que vamos estar presentes, e com  grandes nomes do Metal Nacional.
Estamos felizes com a volta da Crom e pretendemos em breve, regravar tudo o que temos. Temos uns dez sons prontos e algo na manga. Quero deixar aqui um abraço aos vadios da banda: Keko (foi batera da Tomada também), Flavio (Japa FDP), Altemar (irmão eterno) e o Pedrão que veio da segunda formação da banda.

HMB: E a Tublues? Há um tempo vocês lançaram um novo CD, intilulado Quatro. Quais são os planos da banda agora?
Cezar: A Tublues está bem, obrigado (risos)!
Estamos à preparar um DVD/CD acústico com muitos convidados. Quanto ao disco Quatro e toda nossa discografia, está em nosso blog para download, no reverbNation, no site Nave dos Deuses pra audição e em mais um monte de lugares. Destacando que, tem as participações mais que especiais dos meus ídolos de juventude, como Percy Weiis e Rubens Gioia (Rubão da A Chave). Acesse nosso blog lá tem vários links: ttp://tubluesrock.blogspot.com.br/


HMB: Planos para o futuro?
Cezar: Ver a cena autoral cada vez mais forte, com mais reconhecimento e respeito com as bandas e músicos. Tocar muito com a Tublues e a Crom.

HMB: Resuma Cezar Heavy em uma palavra ou frase.
Cezar: Nem melhor nem pior, apenas diferente.

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Cezar: Eu que agradeço o espaço JP! Muito legal esse bate-papo. Me pegou de jeito nas perguntas (risos).
 Quero agradecer a você, aos irmãos /amigos da Tublues, Jairinho, Alexandre e James, aos amigos/irmãos da Crom Keko Freire, Altemar, Pedrão e meu irmão Robson, por estarmos juntos, na estrada e acreditamdo em nosso trampo. A todos os bares, casas, rádio e a todos que apoiam as bandas autorrais, pois, só nós sabemos como é foda fa zer o que fazemos: Dedicação, estudo e dar o cara a tapa, mostrando o que você cria.
Pra fechar, não posso esquecer alguns nomes: Renato Menez Stay Rock Brazil (Obrigado sempre será pouco), Percy Weiss, Luiz Barata Cichetto (Desde o começo, irmão), Max e Ilce, Lana, Natal Conde Vlad, Lokinho, meus amigos do Pombal/VNS Zona "fuckin" Leste, Povo de Lorena e região, Beto Branco e ressonância, Lucifloyd, Aline Celestial Killer e a tods que apoiam meu trabalho e minha música, nossa música. a música!
Pessoal: acredite no que você quer e no que você gosta, não no que te obrigam a gostar e acredita!
"Cabeças vazias têm grande facilidade em balançar para cima e para baixo, em sinal de sim"
No Class, Forever!

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