Mulher de fibra, de talento, que faz com que as coisas
aconteçam a sua volta. Num breve bate papo, Vanessa Joda, nos contou sobre seus
planos e nos mostrou um lado empreendedor tão determinado que se torna quase selvagem. Confira você mesmo tudo que
esta batalhadora do underground nos contou!
HM Breakdown: Antes de tudo, obrigado pelo seu
tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos fale sobre você e
suas atividades.
Vanessa Joda: começando pelo nome né... Vanessa, muito
prazer! Ainda bem que foi Vanessa, porque era pra ter sido Waleska, mas meu irmão
me salvou na ultima hora. Única filha mulher entre cinco irmãos, caçula por 5
minutos (sim, tenho um irmão gémeo) e pra ajudar única loira de olhos azuis da
família toda, e ate hoje. Neta de espanhóis
italianos e portugueses, primeira filha a se formar, primeira a ir morar
sozinha, primeira a fazer tatuagem, primeira a se jogar pra fora do pais, a única
que curte pancadaria musical. Deu pra ter ideia que eu vim pra ser diferente do óbvio né.
Trabalho com o que não gosto, mas o faço muito bem feito,
afinal é o que paga minhas contas e sustenta a minha liberdade e escolha de
morar e viver sozinha ha 16 anos. Pra compensar isso, faço o que amo: Yoga,
estudo bateria e sou luto pelo sonho da união do underground através do Projeto
Subterrâneo.
HMB: E como tem sido a aceitação do Projeto Subterrâneo?
Vanessa: A aceitação esta sendo melhor do que eu esperava,
quando lancei o projeto. Muitas bandas me procuram todos os dias pra poder
tocar, sinal que esta dando certo. Mas ainda há muito que ser feito e te digo
que tem que ter muita paciência pra chegar ao objetivo almejado do projeto.
Dependo da união de uma cena, que infelizmente não é tão fácil de unir.
HMB: Mas, com certeza, você tem trabalhado duro para mudar
esse cenário, qual é a estratégia que você usa na divulgação?
Vanessa: A divulgação do projeto começou com o famoso e
infalível boca a boca e quando nasceu, foi pro também infalível Facebook. Ainda
tenho que fazer muita coisa para terminar de estruturar o Projeto e melhorar a
divulgação, como por exemplo, ter uma pagina e perfil exclusivo do Projeto.
HMB: Como tem sido o comparecimento e a satisfação do
público aos eventos realizados pelo Projeto Subterrâneo?
Vanessa: Bom, muito bom. Posso dizer que mais de 90% dos
shows do projeto teve casa cheia e até agora não ouvi nada de ruim quanto à
satisfação do publico, muito pelo contrario, tem sido sempre positiva. Claro
que, como o Projeto tem como objetivo dar espaço as bandas underground para
mostrar e tocar seu som, muitas bandas são novas e desconhecidas, o que torna o
comparecimento às vezes menor. Por este motivo, sempre que posso, tento
misturar os estilos e bandas, e ai entra em outro objetivo do Projeto que é o
conhecimento de novos trabalhos undergorund e também, da ajuda que uma banda
mais conhecida pode dar a uma que esta começando. Tai de novo eu tentando fazer
a tal união do underground novamente.
HMB: E você tem algum apoio financeiro para isso, ou faz as
correrias na cara e na coragem?
Vanessa: Faço na raça, cara, coragem, como quiser chamar.
Quando teve show em que as bandas escolheram bilheteria, o correto seria uma
parte ir para o Projeto, mas ate agora não peguei nenhuma parte, pois a grana
era curta e o objetivo do Projeto é beneficiar as bandas. Além do gasto inicial
que tive, sei que vai vir mais com o lançamento do documentário que estamos
fazendo sobre o Projeto. Ha muito ainda o que ser feito, mas conto com apoio
dos amigos e companheiros de Projeto, que aderiram e apoiam, seja fotografando,
filmando, fazendo as artes dos flyers, camiseta, enfim, rola a união de quem
acredita no Projeto. Quer apoio melhor que esse?
HMB: Você tentou algum tipo de patrocínio ou apoio
financeiro da iniciativa privada para o seu projeto?
Vanessa: Não, ainda não. O Projeto é muito recente, estreou
ha apenas 6 meses e ainda não esta todo estruturado para poder ir a este
próximo passo.
HMB: Mas você tem planos para esta questão, ou é apenas uma
esperança?
Vanessa: Sim, tenho planos de conseguir apoio ate porque
isso beneficiaria as bandas. Outro ponto é o documentário que provavelmente
sairá no próximo ano este também precisarei de fundos para o lançamento.
HMB: Já pensou em levar o projeto para outras cidades?
Vanessa: Sim, isso faz parte dos planos do projeto. Alias,
vamos além, planos de levar a outros países e também de fazer intercambio entre
cidades, estados e países. Estamos em negociação para o primeiro Projeto Subterrâneo
fora de São Paulo, em Santos e em Goiânia.
HMB: Você vê um certo preconceito contra a mulher no cenário?
Vanessa: Infelizmente, em pleno ano de 2014, ainda vivemos
em um mundo machista. Mas o Underground, por ser o Underground, apresenta muito
pouco desses traços. Eu nunca passei por nenhum fato ou acontecimento que
tivesse tido algum tipo de machismo. Muito pelo contrario. Eu e as mulheres que
conheço, sempre fomos muito bem tratadas. Mas sempre tem uma minoria podre e
ignorante que pratica do machismo sim.
HMB: Com isso você quer dizer que o pessoal que gosta de
rock tem mais “entendimento” da vida em geral?
Vanessa: Eu quero dizer que o pessoal que gosta de rock tem
a cabeça mais aberta.
HMB: Fale sobre seus gostos musicais.
Vanessa:
Rock (risos)! Desde Beattles a
Eyehategod. Sou muito eclética no mundo do rock.
Quando era pequena, fui influenciada pelo o que meus irmãos
ouviam: Black Sabbath, Led Zeppelin, The Clash, Kiss, Pink Floyd, U2. Lembro-me
de todos esses vinis. Quando comecei a "andar sozinha", estava no
auge do grunge. Meu primeiro vinil foi Mothers Milk do Red Hot, seguido pelo
Booldy Sugar Sex Magic. Logo tinha Guns, Soundgarden, Nirvana, Pearl Jam, Stone
Temple Pilots, Alice in Chains, Iron Maiden, Metallica, Sepultura, etc e claro,
a paixão da minha vida, Mike Patton. Faith No More era meu amor de adolescente
e é até hoje. Sou addicted do Mike Patton, amo tudo em que ele se envolve.
Hoje em dia ando escutando muito Doom, Sludge, Stoner, mas
nunca abandono os clássicos, punk, hc.
HMB: Uma mosquinha que disse que você está tendo aulas de
bateria com a Fernanda Terra, é verdade?
Vanessa: Verdade (risos)! A Fe é demais e é uma honra poder
ter aulas com ela e receber o que ela sabe, e ela sabe muito né?
HMB: Verdade! Qual vai ser a empreitada depois que você
tiver domínio do instrumento? E o que te levou a tocar bateria?
Vanessa: Montar a banda, que na real, já esta formada. Mas
tem ainda o objetivo de ter uma banda com duas bateras, nada tira isso da minha
cabeça. Todo mundo me chama de louca, e eu sou mesmo (risos). Lembro-me do show
de estreia do projeto, que o Hommelless tocou, e tivemos metade do show com o
Pedro na bateria e a outra metade o Spaguetti. Foi animal, mas eu queria mesmo
era ter colocado os dois pra tocarem juntos. Eles quase me mataram (risos)!
O que me levou a tocar batera foi um show do Faith No More
em Phoenix, 1997 se não me engano. Ja viu esse show? Cara, o Mike Bordin toca
muito, ele bate tanto naquela batera, que tem um cara com uma toalha o limpando
o tempo todo, é surreal. Como o que eu queria mesmo era ser vocalista, mas, eu
não tenho voz pra isso, olhei o Bordin e pensei: vou quebrar baqueta que nem
esse cara. Antes de começar com a bateria eu tentei guitarra, e realmente não
tenho a maior aptidão pra isso. Já com a bateria me dei bem e acaba sendo uma
terapia também. Diz a Fê que eu mando bem, e se ela tá dizendo eu acredito!
HMB: Planos para o futuro?
Vanessa: Além do lançamento do documentário do projeto, ver
este projeto ter crescimento em proporções internacionais de modo que possamos
fazer intercâmbios não só entre estados, mas entre países, e claro, chegar ao
objetivo almejado do projeto em relação a união do underground e espaço mais
propagado desta cultura.
Conseguir concretizar o sonho de ter um espaço voltado todo
para a cultura underground, abrangendo musica, arte, literatura, tattoo,
esportes, enfim, tudo ligado a esta cultura.
Pretendo estar tocando bem e estar fazendo shows com os
camaradas por ai.
HMB: Resuma Vanessa Joda em uma frase.
Vanessa: Ah va!
HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este
belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Vanessa: Obrigada ao HMB pela oportunidade, puta prazer ter esse papo! Bora lá galera, fortalecer a cena e fazer a união para o beneficio de todos da cena Underground. Parar com mimimi e rolar a atitude. Pediram tanto por um espaço, tai, Projeto Subterrâneo ao seu dispor!
Vanessa: Obrigada ao HMB pela oportunidade, puta prazer ter esse papo! Bora lá galera, fortalecer a cena e fazer a união para o beneficio de todos da cena Underground. Parar com mimimi e rolar a atitude. Pediram tanto por um espaço, tai, Projeto Subterrâneo ao seu dispor!