quarta-feira, 23 de abril de 2014

Jurandir Roque Lima, um batalhador vivo e ativo


Jurandir é um cara multitarefas, sindicalista, professor e Headbanger! O porta voz do Heavy Metal na cidade de Paulo Afonso (BA) e frontman de uma das mais batalhadoras bandas daquela cena, o Hatend! Um cara que luta com unhas e dentes pelo seu espaço, confira tudo o que tem a dizer este verdadeiro representante do underground!

HM Breakdown: Antes de tudo, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos fale sobre você e suas atividades.
Jurandir Roque Lima: Nossa, eu que agradeço, a mais um veículo formidável de divulgação de nossa cena que é tão rica, Obrigado ao Heavy Metal Breakdown.
Bem vamos lá sou Jurandir Roque Lima, tenho 37 anos e sou vocalista da banda Hatend há 10 anos, também sou diretor num sindicato aqui de minha cidade, Sindicato dos Comerciários de Paulo Afonso e Região (Sincopa), professor também com habilitação em português e inglês graduado em Letras, então como não é novidade, nenhuma pra nós que fazemos metal no Brasil temos que acumular várias atividades, se quisermos dar ao luxo de viver o nosso grande amor que é heavy metal e comigo não é diferente dos leitores e bangers espalhados pelo país, mas tenho orgulho de toda esta trajetória, pois já canto em bandas desde 95 e já tenho uma vida ligada ao metal/rock de mais 24 anos, e cada dia amo mais isso. Mesmo com toda a dificuldade.

HMB: Podemos dizer que em todas as suas atividades, você é movido pela paixão, já que atua em áreas tão diferentes?
Jurandir: Acredito que está é chave pra tudo na vida, a paixão e o sentimento que você coloca quando faz as coisas, tudo é um misto de iniciativa (fazer), sonho (metas), paixão (dedicação) e persistência (continuar), muita gente quando percorre qualquer caminho se apega muito ao destino e ao seu final, já comigo eu prefiro o percurso, as viradas, as curvas, por que quando se chega ao final tudo acaba, o prazer pra mim está na jornada e minha está muito longe de acabar, ainda bem. Tudo parte daquela premissa onde eu prefiro as escadas em vez do elevador, e isso aplico em tudo que faço.

HMB: Uma colocação que se aplica muito bem ao mundo da música pesada: preferir as escadas em vez do elevador. Você acredita que não existe música pesada sem trabalho duro?
Jurandir: Acredito! Que mesmo soando clichê, mas as nossas vidas são regidas por clichês gerais, que tem peso individual pra cada um, e pra mim, o trabalho só ficara perfeito com muita dedicação e doação e cruzando um degrau de cada, vez, e vamos voltar ao velho ditado mais infalível quanto mais alto fica, mais rápida é a queda, e se você sobe devagar e a queda acontecer, você terá uma base solida pra lutar, começar e se reinventar, eu nunca tive medo do recomeço e no mundo da música principalmente, ter coragem e ir em frente é a chave, e mesmo aqui em Paulo Afonso (BA) vivendo em uma região com uma cultura tão forte para o popular, forro, axé, pagode, fazer metal contra tudo e todos, só com muito trabalho e amor mesmo, acho que isso que outro estilo não tem e nunca vai saber que que música é sentimento. E estamos aqui pra provar isso.

HMB: E que tipo de obstáculos você encontra? Como você descreveria a cena da música pesada na Bahia?
Jurandir: Fora os obstáculos que colocamos sobre nós mesmos, encontramos às vezes nas pessoas e nas expectativas, que nem sempre aquele sucesso ou reconhecimento que é meta de cada banda, virá! E que esbarra também no gastar e não ver o retorno disso, mais particularmente pra mim. Que não enxergo a Hatend como fonte de renda (mas nunca dizendo que eu não queira que isso aconteça, mas se não acontecer estamos bem assim, persistindo e continuando e levando nosso nome ao máximo de pessoas que pudermos). E não vivemos da banda, temos empregos deixando que o amor pelo metal e liberdade com nosso destino musical e que a banda viva por tanto tempo, em uma cidade onde só tem a Hatend como representante da musica pesada, em uma cidade que tem 109 mil habitantes, no extremo norte do estado, estado este que tem 413 municípios e fica a 484 quilômetros da capital Salvador, ainda esbarramos nos preconceitos e visões sobre o metal e rock, que é de marginalidade e não ser cultura, sendo desprestigiado  de qualquer tipo de invectivos das políticas publicas e privadas, é isso que fundo nos dá combustível pra continuar sempre e tendo que praticamente, inventar nossos espaço,  em um lugar onde só tem espaço pra cultura de massa.
Mas temos grandes bandas aqui neste estado e nossa cena é muito forte em toda a Bahia. Temos o Palco do Rock em Salvador, que é feito em pleno carnaval e fora do grande centro temos o Boqueirão Festival em Cícero Dantas, organizado pelo Adauto Dantas,temos o Bahia Rock Machine, site do Guilherme Neto, que divulga nossa cena, e no sul do Estado tem  a Retch Records do Julio Neto , Wilker Carvalho organizador do Alta Voltagem aqui de Paulo Afonso.
E pra não correr risco de esquecer nenhuma banda cito aqui as duas grandes representantes  que são o Headhunter D.C. e o Mystifer. Que são o espelho para continuarmos, mas como eu  disse nosso Estado é imenso e tem grandes bandas que não devem nada a ninguém, só esperando serem reconhecidas e descobertas por headbangers curiosos. Que queiram sair da zona de conforto e descobrir o metal aqui na Bahia..

HMB: Eu vi um show do Headhunter D.C. há poucas semanas com o Nervo Chaos aqui em São Paulo, e vou te falar! É impressionante essa banda no palco! Você acha que uma banda estando no eixo Rio-São Paulo tem mais chance de exposição? Ou enxerga isso como mito?
Jurandir: Deve realmente ter sido uma experiência única, tanto Headhunter D.C. como Nervo Chaos são duas grandes bandas de nosso Brasil.
Sim Acredito que a exposição é bem maior por que aí, mesmo aos trancos e barrancos, pois sei que aí também é difícil, mas no eixo ainda existe um circuito de casas e de alguns interessados que abrem espaço pra música pesada e autoral, estúdios  e mídias especializadas, Sampa é um lugar para expor bem uma banda,  mas diferente de alguns e de uma minoria que ainda faz uma zoada boa sobre isso.
Não Metal do Brasil não se resume só ao eixo Rio e São Paulo, e ainda faltam alguns enxergarem e aceitarem mais isso, claro que isto mudou muito, hoje em dia, com Internet e as redes sociais, mas ao mesmo tempo também cresceu um tipo de bairrismo que impõe esta barreira, mas para nossa alegria,em paralelo a isso tem gente boa na mídia e até na cena que abre espaço para que bandas fora do eixo Rio –São Paulo se apresentarem ao público, como o caso, agora do Heavy Metal Breakdown!
Mas acredito que entenderão o que eu quis dizer, que ainda existe em nossa região uma grande vitrine, mesmo que longe daí, que também tem uma vida e bandas que merecem tanto respeito e olhares como todas, mais sim não é mito não, lutamos pra um dia também chegarmos até vocês e mostrar o nosso metal, feito no meio de sertão com muito sangue no olho.


HMB: Como é a sua relação com a internet, mais precisamente com as redes sociais?
Jurandir: Minha relação é melhor possível, fizemos grandes amigos e conquistamos muito suporte nas redes sociais, acredito que muito de nosso alcance e contato devemos as tais redes, como tudo na vida se você usa com seriedade e compromisso, ela retorna para você da melhor forma, por lá, temos contato direto com quem acompanha nossa música, é um grande contato, sem limites tanto para bem ou para mal, não tem mais como viver sem isso, mas precisamos saber usar acredito que se colhemos tantas coisas boas é por que usamos direito, e quero aqui agradecer a cada um aqui que nos acompanha pelo nossa page e que partir de agora também vai nos conhecer um pouco mais e podem fica a vontade pra acompanhar, criticar, falar e propagar o nome da Hatend, nós só temos que agradecer e dizer que independente de tudo que acontecer, estaremos aqui firmes  e fortes.

HMB: E a cena da música pesada nacional, como você é o seu relacionamento com outras bandas?
Jurandir: Da minha parte é de respeito e cooperação e não competição, temos boa relação com bandas de rock de varias vertentes, então para mim, acredito que se não houver união  não haverá realmente uma cena, acredito que nossa fraqueza está na barreira e nas separações, que muitas vezes veem de dentro do rock e do próprio metal. Quando eu comecei, você é aquele moleque que quer ser o fodão, o true, de minha parte nunca compactuei com uma linha, só de música, e sou assim até hoje, posso escutar o Ten do Pearl Jam, com mesma paixão que escuto o The Great Execution do Krisun , desculpem-me os xiitas mas sempre fui assim! E como eu gostaria que anossa cena tivesse esta compreensão e que as bandas também estivessem se respeitando. Aacho que respeito define tudo.

HMB: Você acredita que a integração entre as bandas, mesmo de estilos diferentes, seja saudável para cena?
Jurandir: Sempre acreditei nisso! Mas como em qualquer repartição ou grupo de pessoas alguns pensamentos de individualidade, de superioridade, e até mesmo de descrença, não acredita que esta união seja benéfica a todos, epõem tudo a perder, e acho que tudo que se faz sozinho torna-se mais difícil, acho tão contraditório, até mesmo pro movimento rock e metal e todos seus subgêneros,  que tem como ideia básica, mesmo que de forma indireta a liberdade e o respeito como filosofia,  mesmo que ate de maneira quase imperceptível, seja em letras de musica ou atitude, acumule tanta desunião, mas acredito sempre na evolução natural do ser humano e com um trabalho de conscientização das bandas e do público poderemos andar juntos de verdade, sem hipocrisia, seja qualquer estilo dentro do rock e do metal, acredito mesmo nisso! Levantaria qualquer cena, todos unidos trabalhando junto e cooperando não teria pra ninguém. Vou continuar a lutar, mesmo que muitos já digam que isso é bem utópico, acho que meu  lado educador nunca desacredita na capacidade de superação de qualquer pessoas em relação a qualquer coisa ou situação.


HMB: O que você acha da segmentação dos shows, onde só tocam bandas de Thrash Metal, em outros, bandas de Death Metal, alguns bandas de Heavy Metal, não seria mais interessante terem bandas de vários estilos dentro de um mesmo evento?
Jurandir: Vou te falar o que acontece por aqui, muitos acham que este tipo de ideia (de separar estilos) devia continuar, mas no interior eu falo a todos isso e vamos ver se concordam em se fazer um festival assim aqui e já fizeram muitos é bem ruim por que o público é muito pouco,  mesmo pra todo mundo, vamos falar que aquela parte do público consciente, para cada estilo, é mais ou menos umas vinte pessoas, que realmente querem pagar o ingresso e querem fortalecer a cena e muitos gostam, mas preferem ficar do lado de fora, bebendo, não entram e tal, não valorizam e todo mundo perde, divulgação, material é tudo, não sei se em  grandes centros funcionaria. Pode ser, por ter mais gente e tals... Mais no interior não, a única solução pra isso, é realmente o público se educar e respeitar uns aos outros e fazer a festa juntos, afinal todos concordam em uma coisa: temos gosto diferenciado da grande massa, somos todos fã de guitarra pesada ou de guitarras, porque também falo isso do Rock, Blues e Jazz. Então acredito que esse tipo de coisa funciona, aqui no Nordeste tem Festival chamado Abril Pro Rock, na cidade de Recife (PE) , que já pratica isso há mais de 20 anos com muito sucesso que na noite do peso ou dos camisas pretas como popularmente é chamado, figuram bandas Metal e HC, Rock e é um sucesso, temos  provas que pode funcionar, e que já funciona não sei por que não aplicar! Pois pelo menos nós, da Hatend temos muito boas relações com bandas de várias vertentes e até já tocamos em festivais Punks e HC e sempre foi maravilhoso e proveitoso. Não vejo por que não.

HMB: Planos para o futuro?
Jurandir: Continuar com a Hatend, levar a banda maior numero de pessoas possível e divulgar nosso trabalho.

HMB: Resuma Jurandir Roque Lima em uma frase
Jurandir: Esta frase é de um adesivo que via em muitos vinis a Eldorado, e pra min é tudo: “Rock Sempre, Violência Nunca” isto sou eu.

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Jurandir: Queria dizer que eu que agradeço em meu nome e da Hatend, pelo espaço dado no Heavy Metal Breakdown , este grande veículo de divulgação de cena, feito por uma cara amigo e generoso,  o grande JP Carvalho, que me deu o prazer de figurar aqui do lado de grandes pessoas, que movimentam a cena de alguma forma, e que também são influência pra mim. Digo que li todas as entrevistas feitas aqui, que são um grande espelho e incentivo pra continuarmos na luta. Obrigado aos leitores e aqueles que a partir desta entrevista vão conhecer um pouco de mim e do meu trabalho. Valeu pelo espaço e nos veremos logo em algum palco perto de vocês, Metal sempre!


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