Trek de Magalhães, nascido no sagrado solo de Minas Gerais,
é considerado um dos mais atuantes técnicos de som, em São Paulo, de
pequenos eventos até seguir em turnê com grandes nomes do cenário Heavy Metal brasileiro!
Confira o que ele nos disse nesse bate papo informal.
HM Breakdown: Antes de tudo, obrigado pelo seu
tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale sobre você e suas
atividades.
Trek de Magalhães: Opa, muito obrigado pelo convite! Vamos
lá, no momento estou fazendo praticamente o que sempre fiz (risos), gravando em
estúdio, fazendo som ao vivo como técnico de guitarra, de som e também atuando na
direção de palco. Sou responsável pelo som em um bar de blues e jazz na Vila
Madalena, em São Paulo. Isso basicamente é minha ocupação profissional.
HMB: Como você se envolveu com a parte técnica?
Trek: Na verdade desde moleque eu já fazia coletânea em
fitas K7, também tinha sonho de ser músico e sair tocando por ai. Mas nem tudo
sai como planejamos (risos). Eu estava duro e sem trabalhar e comecei a
trabalhar como roadie em uma empresa de som e com diversas bandas, tive um
grande apoio dos caras do Krisiun, que me ajudaram muito e ainda me ajudam. Dai aprendi o esquema de gravação e de como
tirar um som ao vivo, mas continuo aprendendo. O Datribo Studio foi onde tive o
meu aprendizado, no peito e na raça, com o Ciero, foram muitas noite de sono
perdidas para achar o timbre dos patrões lá de fora.
HMB: E isso não ajudou a desenvolver o seu lado músico?
Trek: Sim, e por incrível que pareça me desenvolvi melhor
musicalmente, pois hoje procuro e tenho facilidade em descobrir timbres em
instrumentos musicais, isso abriu um leque gigantesco de conhecimento, como
escalas, e as características de cada estado, isso falando somente de Brasil.
Hoje, vejo a música regional com outros olhos, como por exemplo, em Minas a
viola caipira, a música galderia do Rio Grande do Sul e a música nordestina.
Então foi maravilho trabalhar com música e ver toda essa riqueza de outra
perspectiva, isso com certeza fez com que eu crescesse como músico e como
técnico de som. Isso te faz ser mais músico, apesar de eu não subir ao palco. Sou
dos bastidores (risos).
HMB: Mas em nenhum momento você sente falta de estar nos
palcos, tocando?
Trek: Eu não diria falta, porque nunca estive lá,
efetivamente tocando, mas o contato com músicos na estrada ou mesmo numa
gravação me faz viver um envolvimento indireto. Eu vivo isso praticamente todos
os dias e ao longo de muitos anos. E o fato de eu gostar muito, conta também.
HMB: Como você vê o cenário Heavy Metal hoje em dia?
Trek: Acho injusto falar só do Heavy Metal como estilo,
porque são muitas as influencias. E com os tantos rótulos que temos hoje em
dia, é natural um estilo ou outro estar em alta enquanto outros estão em baixa.
Todos tem seu valor e eu respeito e curto muito o Heavy Metal de uma forma
geral. Não gosto de classificar os estilos. Pra min tudo é Heavy Metal e ponto
final.
HMB: E como você vê a presença do público nos shows, já que
você atua nos bastidores?
Trek: Importantíssimo, pois sem publico não há shows, bandas,
cena, entretenimento! Mas existe uma série de fatores que fazem com que um
evento possa ser sucesso. Desde a infraestrutura até a direção artística. Ou
seja, do pedreiro ao artista, Tudo é importante.
HMB: E qual tem sido a estrutura que geralmente você tem
encontrado nas casas de shows?
Trek: Como falei antes, a estrutura depende da organização.
E infelizmente aqui no Brasil as coisas ficam a desejar. Só os grandes festivais trabalham com uma
estrutura profissional, enquanto no Underground, muitas vezes, se quer tem backline.
Ainda estamos engatinhando nessa questão.
HMB: Você acredita que incentivos culturais tanto
governamentais, como da inciativa privada seria o pulo do gato para este
melhoramento na cena Underground?
Trek: Sim, acredito! Aliás, o Underground não faz uso esses
meios por pura falta de conhecimento e das burocracias. Mas acho que o caminho
é esse, ninguém faz nada sozinho. Um ótimo exemplo é o Abril Pro Rock de
Recife, começou no Underground e hoje é global, portanto temos que correr atrás
e usar todos os recursos disponíveis, no peito e na raça só no Datribo e
na seleção campeã de 1970 (risos).
HMB: Uma reclamação recorrente dos músicos é em relação a
grande quantidade de bandas tributo fazendo shows em detrimento ao som autoral,
qual a sua visão do assunto?
Trek: Pra ser honesto, não tenho visão nenhuma sobre bandas
cover. Não gosto de banda cover e principalmente quando cobram cachê e claro
recebem uma boa estrutura. Também não gosto de falar mal, cada um com sua
consciência. Se viver na aba é o que os caras querem, tudo bem. Todo mundo sabe
o valor que tem. Fazer um cover em homenagem há alguma banda de que seja fã é
outro sentimento.
HMB: Entendo seu ponto de vista. Que tipo de conselho você
daria pra quem gostaria de atuar na mesma área que você? E você acha que no
cenário da música pesada nacional existem bons técnicos de som?
Trek: Nossa! Difícil! Primeiro desprender da família, sem
abandonar é claro. Tem que gostar de viajar, ter disponibilidade, estudar
música, luthieria e áudio, ter bom gosto, conhecer equipamento, muitas vezes
trocar o dia pela noite, e muitas outras privações, digamos normais da profissão.
Não tendo muitos problemas com isso, dá para começar bem. (risos)
HMB: O Que seria um bom dia, ou noite de trabalho para você?
Trek: Quando tudo funciona perfeitamente. Porque obviamente
você atingiu o resultado.
HMB: Planos para o futuro?
Trek: Quero continuar até onde meus ouvidos permitirem ouvir
com clareza.
HMB: Resuma Trek de Magalhães em uma palavra ou frase.
Trek: Humilde e simples, pra ter uma vida saudável, tanto
física, quanto mentalmente. Acho que mais ou menos, me defino assim.
HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este
belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Trek: Eu que agradeço a oportunidade de falar as pessoas,
sucesso ao Heavy Metal Breakdown, espero que vocês gostem da entrevista, e que
ela possa mostrar um pouco mais de mim e do meu trabalho e esclarecer alguma
dúvida. Saúde a todos!
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