sábado, 28 de junho de 2014

Nilton “Cachorrão” Zanelli, eu nem imaginava mais voltar aos palcos...


Nilton “Cachorrão” Zanelli, vocalista da banda Centúrias, mas com uma extensa história no Heavy Metal brasileiro, tendo passado pro bandas como Aerometal e Santuário. Neste bate papo, Cachorrão fala da sua trajetória, suas conquistas e dos planos para o futuro. Confira!

HM Breakdown: Antes de começarmos, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos fale sobre você e suas atividades.
Nilton “Cachorrão” Zanelli: Opa, eu que agradeço o interesse da Heavy Metal Breakdown! Bem, minha primeira banda foi o Aerometal em 1984, depois disso passei pelo Santuário e Centúrias entre 1986 e 1988, quando gravamos o LP 'Ninja'. Depois disso virei 'público' até começar a rolar alguns shows do Centúrias entre 2004 e 2008, mas eram apenas 'revivals' e não se falava sobre uma volta definitiva. Atualmente presto suporte em informática, faço locução publicitária e desde 2012 canto no Centúrias novamente.

HMB: O Aerometal foi uma banda que mesmo não tendo vingado, cravou seu nome no underground. Por que abanda não seguiu em frente?
Cachorrão: Então, o Aerometal 'cravou' seu nome no underground por ter participado em 1985 da coletânea “São Power”, produzida pelo Celso Bariberi e lançada pela Devil Discos. Foram gravações feitas ao vivo em apresentações que aconteceram no saudoso teatro Lira Paulistana (SP). Muitas bandas boas daquela época acabaram esquecidas por não terem gravado nada, nem ao vivo, nem demo, etc. A falta de algum tipo de registro sonoro fez com que elas caíssem no esquecimento ou se tornassem uma lembrança longínqua. Felizmente tivemos a sorte de ter participado desse projeto. Sobre o Aerometal, não sei bem explicar o fim, eu acabei saindo e não sei por que não continuaram, mas não fui o causador desse fim, ok? (risos) Foi um período muito legal de aprendizado e descobertas.


HMB: E como foi sua passagem pelo Santuário e depois entrada para o Centúrias?
Cachorrão: Minha passagem pelo Santuário foi mais ou menos com 'prazo de validade'. Eu os conheci em uma série de shows que fizeram em 1986 no Teatro João Caetano em São Paulo com o Jaguar. O vocalista Julio Michaelis, irmão do guitarrista Ricardo Michaelis (Micka), estava com problemas de saúde e não podia cantar. O Micka fez guitarra e voz nesses shows e em algum momento o ouvi dizendo que não curtia muito cantar e tocar ao mesmo tempo. Comentei que estava 'disponível no mercado' e fui lá para São Vicente (SP) fazer um teste para ver no que dava. Depois de alguns ensaios fiz minha estreia no Santuário e saímos tocando por aí. Meses depois, aconteceu uma excursão para Medellín (Colômbia), era pra ficarmos um mês por lá, mas acabamos ficando dois por conta de alguns 'contratempos' – $$$ (risos). Mesmo assim, foi uma experiência incrível e, se não me engano, o Santuário foi a primeira banda do underground a tocar fora do país. Como sempre digo, faria tudo de novo se tivesse 20 anos novamente. (risos) Em paralelo a isso, a formação do Centúrias que gravou o EP 'Última Noite' também em 1986 se desfez e o baterista Paulão (Thomaz) queria reativar o Centúrias o mais rápido possível. Para isso conversou comigo, com o Marcos Patriota (guitarra) e com o Ricardo Ravache (baixo), que haviam deixado o Harppia há pouco tempo. Respondi que topava e que na volta da Colômbia, dali a um mês, estaria disponível para começar a ensaiar. Só que como ficamos dois meses por lá quase não entro para o Centúrias (risos). Naquela época não existia internet e eu nem tinha telefone em casa, tinha que mandar avisar alguém que estava vivo e que me esperassem mais um pouco, mas no fim deu tudo certo! Cheguei a São Paulo numa terça-feira e no fim da mesma semana já estava ensaiando com o Centúrias. (risos) O fato da minha participação no Santuário ter sido com 'prazo de validade'” era porque o grupo esperava uma recuperação do Júlio, fato que infelizmente acabou não acontecendo. Ele faleceu no final de 2010.

HMB: Quando da sua entrada no Centúrias, na época vocês mudaram o título do álbum de "Cidade Perdida" para "Ninja". Por que isso aconteceu?
Cachorrão: Sobre a mudança do nome do álbum não aconteceu nada de extraordinário, porque tínhamos essas duas opções e estávamos trabalhando com as possibilidades para cada título. Se fosse 'Cidade Perdida', pensávamos em fazer uma foto de um ponto alto da cidade mostrando a cidade ao fundo, tínhamos até pensado no mirante de Santana, mas isso envolveria custo com fotógrafo, etc. Um dia, saindo da Baratos Afins, passei por uma banca de jornal e vi a foto de um ninja na capa de uma revista e folheando-a encontrei a foto que era perfeita para a capa. Mostrei para a banda, todos gostaram e a foto acabou virando a ilustração da capa feita pelo nosso amigo Arnaldo Colón. Assim nasceu a capa do 'Ninja' e o resultado foi muito bom. Já li resenhas e comentários sobre o álbum 'Ninja' na internet onde “afirmam” que a capa é baseada no videogame Shinobi que eu nem conheço, mas a verdade 'nua e crua' é essa que contei. (risos) Ah, a capa do nosso novo single, 'Rompendo o Silêncio' também foi feita pelo Arnaldo Colón.

HMB: Fale mais sobre este novo lançamento?
Cachorrão: Na verdade o single 'Rompendo o Silêncio' foi um 'exercício' para saber como seria o processo criativo dessa nova formação, como nos sairíamos no estúdio – enfim, o próprio nome diz tudo, rompemos o silêncio após 25 anos. (risos) E também é uma forma de dizer que estamos de volta e com trabalho novo, não voltamos para viver do passado e sim para dar sequência ao legado do Centúrias. Bom, sobre o single, eu particularmente gostei muito das duas canções. 'Ruptura Necessária', composição do Ricardo Ravache, e 'Sobreviver', composta por Julio Principe, tem a pegada do Metal oitentista, porém fazendo uso dos recursos atuais. Nos shows a recepção do público tem sido muito boa quando as tocamos.

HMB: Então, como vem sendo a atuação dessa nova formação e como se dá o processo de composição da banda?
Cachorrão: Acredito que já estamos no 'piloto automático' com essa formação. A convivência, os ensaios e os shows deram essa estabilidade que no começo da volta ainda não tínhamos, o que é natural. Realmente progredimos muito como banda. Na verdade, o processo criativo é simples, o Ricardo e o Julio são os que compõem mais. Eles trazem as músicas praticamente prontas e vamos dando nossa cara e estilo pra elas. Um backing aqui, um riff de guitarra diferente ali. O Julio e o Ricardo têm se mostrado ótimos compositores.


HMB: Que cuidados você tem com a sua voz?
Cachorrão: Posso pular essa pergunta? (risos) Então, na verdade não tenho grandes cuidados. Uma coisa boa é que não fumo, isso ajuda no fôlego pelo menos – acho. (risos) Tomo alguns cuidados básicos quando tem show por perto, evito gelado, como maçã, faço um aquecimentozinho e por aí vai. Uma coisa é você ter vinte anos e meter as caras e pronto e outra é ter 47. Por enquanto está indo bem, mas me preocupo com isso sim porque, além da música, também uso a voz em locuções.

HMB: O que faz o seu coração bater mais forte quando está em cima do palco?
Cachorrão: Cara, só de saber que voltei a ativa já faz o coração bater mais forte (risos). Eu nem imaginava mais voltar aos palcos e ainda por cima com a banda que mais gostei de trabalhar. Outra adrenalina boa é que estamos tocando para uma nova geração, para a molecada de vinte e poucos anos – molecada no bom sentido, claro (risos). Eles vão aos shows, cantam as músicas que foram gravadas antes deles nascerem, alguns até dizem que seus pais iam aos nossos shows nos anos oitenta! Isso mostra que fizemos bem a lição de casa lá atrás e esse é o meu combustível. Fazemos os shows pra essa nova geração e, claro, para aquela que nos acompanhou antigamente e que também comparece atualmente.

HMB: Por que Paulão Thomaz não participou do renascimento da banda?
Cachorrão: Em 2004, 2005 e 2008 fizemos alguns shows em caráter de revival. Quem idealizou isso foi o Tadeu Dias, ótimo guitarrista que hoje toca no Oitão, mas como disse, eram shows em caráter de revival, sem compromisso com uma volta definitiva. O Paulão está focado no Baranga e no Kamboja e não teria tempo para conciliar as datas de shows das três bandas. Em outubro de 2011, num evento no Blackmore Rock Bar onde estávamos eu, o Ravache, o Tadeu e o Paulão, o Ricardo Batalha praticamente intimou o Paulão para que voltássemos (risos). Entretanto, devido a esse inevitável conflito de agendas, ele acabou não aceitando mas, como costumo dizer, ele deu a “benção” para que retornássemos com a banda, uma vez que ele foi um dos fundadores, senão o fundador do Centúrias. Em 2013 dividimos o palco com o Kamboja e o Paulão sempre que pode comparece aos nossos shows. Está tudo em casa!


HMB: Planos para o futuro?
Cachorrão: Esse ano tocamos bastante nesse primeiro semestre, mas demos uma parada nesse período de Copa e férias. Estamos aproveitando esse tempo para trabalhar nas músicas novas. A ideia é gravar um CD assim que tivermos material suficiente e de qualidade para isso. Em paralelo, queremos agendar mais shows para o segundo semestre e continuar tocando por aí. Isso é o que me move e é o que move a banda, também. Ensaiar é legal, subir num palco é melhor ainda!

HMB: Resuma Nilton “Cachorrão” Zanelli em uma palavra ou frase.
Cachorrão: O dia que eu conseguir me resumir ou me definir, serei o primeiro a saber... (risos)

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Cachorrão: Eu que agradeço o interesse e pela oportunidade. Deixo aqui grande abraço para você e para os leitores do Heavy Metal Breakdown. Continuem apoiando a cena e as bandas. Fazemos isso porque gostamos, mas fazemos principalmente pra vocês! “A máquina não vai parar!!!” Valeu!

Shows e merchandising:

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