Christiano K.O.D.A, jornalista, editor de imagens, e uma pessoa que busca suas metas e seus ideais, incansável batalhador do cenário Heavy Metal e colaborador de diversos veículos voltados ao estilo, além de ser um dos cabeças do Arte Extrema, ao lado de outro batalhador da cena, Vitor Hugo Franceschini. Confira, a seguir tudo que ele nos disse nessa entrevista.
HM Breakdown: Antes de tudo, obrigado pelo seu
tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos fale sobre você e
suas atividades.
Christiano K.O.D.A: Eu é que agradeço essa oportunidade. É
um enorme prazer! Tentando me ater ao meio musical, curto Rock desde uns 5 anos
de idade. Acompanhei o “boom” do Rock/Pop nacional na década de oitenta, mas,
especificamente na música extrema, comecei a escutar por volta de 1993. A
paixão veio com o Arise do Sepultura. Dali em diante, fui "piorando"
e curtindo bandas mais e mais barulhentas (risos).
Mais adiante, formei-me em Imagem e Som, trabalhei com
edição e filmagem. Produzi videoclipes de bandas como Mental Horror, que nunca
foi lançado oficialmente e da banda Clawn.
Aos poucos fui me interessando por resenhar discos,
formei-me em publicidade e em jornalismo e comecei a levar a coisa mais a sério.
Montei meu blog há três anos e sou colaborador da Hell Divine, Whiplash e
Roadie Crew há uns dois anos. No final de 2013, juntei-me ao Vitor Franceschini (somos da
mesma turma de jornalismo) e demos vida ao web programa Arte Extrema. Pronto, tá
aí o resumo de tudo! (risos)
HMB: Em uma entrevista anterior Vitor Franceschini me
disse que o apoio financeiro ao Arte Extrema é praticamente nulo, mas que as
visualizações do programa tem crescido, como você se sente sabendo que mesmo
sem o apoio financeiro das empresas, o público tem reconhecido o seu trabalho?
Christiano: Pode ser clichê o que direi, mas é realmente
gratificante! É bem o que o Vitor comentou, não temos patrocínio, é tudo feito
na raça, sou eu mesmo quem edita. Quando começamos, no final de setembro de
2013, eu nunca esperaria que tivesse um retorno tão positivo! Superou qualquer
expectativa, sério! E a cada edição, o número de compartilhamentos aumenta. Por
ser um programa underground, estou satisfeitíssimo pelo retorno do público e
agradeço de coração cada um que nos apoia!
HMB: Como você vê a cena musical brasileira e principalmente
a cena da música pesada?
Christiano: Bem, imagino que o que você colocou como
"cena musical brasileira" vá além do Rock/Metal, estou certo? Nesse
caso, acho que já não se fazem mais clássicos nacionais como antigamente!
(risos) Falo, apenas como exemplo, da MPB. Hoje a indústria musical prioriza
aquilo que entra mais fácil na mente da comunidade, de conteúdo pouco
proveitoso e tal. Atualmente, o pessoal fica bolando qual será a música que vai
"bombar" no carnaval! Ela fica na mídia por algumas semanas e, logo
depois da festança, é praticamente descartada e esquecida. Não tem
profundidade, é tudo pelo lucro! Obviamente que há muitas exceções, mas elas
acabam sem o mesmo espaço que dão para esses hits passageiros.
Quanto à "cena da música pesada", agora, imagino
que seja mais especificamente de Rock/Metal, correto? (risos) Pois bem, tenho
acompanhado o underground em geral há mais de vinte anos, porém, só quando
comecei com o blog é que tive um pouco de noção da dimensão do número de bandas
pesadas nacionais. E o que me deixou mais impressionado é que a maioria delas é
realmente de qualidade! Resumindo: acredito que nunca o nosso underground foi
tão prolífico e empolgante em termos de boas bandas!
HMB: Sim, queria saber sua opinião sobre cenas distintas.
Agora, abrangendo shows, estúdios, gravadoras, selos, produtores e
incentivadores, como você vê a industriada música pesada?
Christiano: Acho que o que move essa indústria é a paixão.
Afinal, com raras exceções, você não vê uma banda mais pesadona em uma
gravadora realmente de grande porte. Não falam a mesma língua, de modo que as
pequenas é que dão espaço para elas. Mas hoje a coisa está mais fácil. Com a
internet e questões de download, é muito mais rápido para se ouvir determinada
banda, para conhecê-la e tudo mais. Shows, a julgar pelo circuito nacional, vão
de vento em polpa. Já faz uns anos que o Brasil tornou-se parada obrigatória
para grandes representantes do underground mundial. E há os estúdios de renome
por aqui, como o Da Tribo, que é referência hoje na música pesada. Em outras
palavras: produzir discos está mais fácil, apreciar boas bandas está mais
fácil, porém, sobreviver disso continua sendo um desafio! (risos)
HMB: Você sente que as dificuldades financeiras e a atual
economia do país, podem ser responsáveis pela baixa expressão de milhares de
bandas ou acha que as bandas investem muito pouco no seu trabalho?
Christiano: Espero não ser chamado de alienado, mas a meu ver, acho que
nem uma coisa nem outra. Com a questão dos downloads ilegais, a indústria
fonográfica ruiu. Esse fator, ligado principalmente à música (é óbvio, mas é
bom reforçar), é que definiu a condição que você perguntou. Penso que as bandas
se esforçam para se promoverem, mas hoje elas existem em qualquer garagem, de
modo que é difícil sobressaírem-se nesse oceano. Assim, acabam passando
despercebidas pelos fãs do estilo de determinado grupo, por exemplo. Isso pode
ser um dos motivos dessa baixa expressão que você mencionou. Agora, dificuldades
financeiras e a economia do país: isso sempre aconteceu, e acho que, de um modo
ou de outro, na nossa atual condição, essas questões estão até melhores do que
antes. A economia nacional cresceu e, portanto, como disse no início, não acho
que seja um dos motivos da citada baixa expressão de bandas, já que isso não se
reflete o fato que você mencionou na pergunta.
HMB: Então podemos dizer que é falta de trabalho duro?
Christiano: De maneira alguma! Talvez eu tenha me expressado mal. O que quis dizer é
que hoje existe um número de bandas gigantesco e, assim, fica meio difícil uma se
destacar mais do que a outra. Mas todas se esforçam para sua autopromoção.
HMB: Qual a dica que você daria para uma banda que busca seu
lugar ao sol?
Christiano: Bem, acho que não é exatamente uma dica, mas
algo meio óbvio: se músicos almejam viver de uma banda, acho que precisa
realmente se dedicar ao máximo. Foco no seu objetivo. É uma profissão como
qualquer outra, portanto, é esforçar-se para ser o melhor naquilo que se
propõe. Existem os famosos jabás na indústria musical? Sem dúvida, mas tem
aquelas bandas que vencem pelo talento.
HMB: Como você edita o programa o web programa Arte Extrema,
qual o seu conceito para o formato dele?
Christiano: Ao mesmo tempo que que me dá prazer, é um
processo relativamente demorado para mim. Portanto, eu confesso e o Vitor sabe
bem disso: a edição do Arte Extrema é preguiçosa! Daria para caprichar muito,
muito, muito mais, só que é como falei, é um hobby, não ganho nada, então, faço
de qualquer jeito, sério. (risos)
Mas gosto de pegar trechinhos que dão errado nas gravações e
usá-los nas transições, para mostrar que não é combinado, sabe? Enfim, a ideia
é editar de modo que fique divertido e dinâmico.
HMB: Planos para o futuro?
Christiano: Dentro do universo da música, pretendo manter o
hobby que mais gosto de ter: o de escutá-la. Escrever sobre isso é uma
prazerosa consequência. Embora eu não tenha mais tanto tempo para me dedicar às
resenhas e entrevistas, pretendo seguir em frente e, quem sabe, um dia
conseguir viver disso. Mas tenho o pé no chão, faço por paixão. O que vier a
mais é lucro. Da mesma forma, tenho banda e sonho em gravar um 'full' um dia.
Já tive outras, que ficaram só nas demos, mas quem sabe, dessa vez, eu não chego
lá! (risos)
HMB: Resuma Christiano K.O.D.A. em uma frase.
Christiano: Um preguiçoso, bem humorado e contraditório
apaixonado por música.
HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este
belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Christiano: JP, gostaria de agradecê-lo muito por essa oportunidade! É a
primeira vez que sou entrevistado dessa maneira, e sobre assuntos um pouco mais
diversos dentro da música. Gostei demais! Um grande abraço, parabéns pelo blog
e pela Yekun!
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