sexta-feira, 16 de maio de 2014

José Carlos Neto, ... sempre quebrando os preconceitos em nossa cidade...


O Venereal Sickness é uma banda de Caratinga, no interior de Minas gerais, um power trio irado que pratica um Death Metal coeso e veloz. E foi com o baterista Neto, grande batalhador do cenário de sua região que tivemos essa conversa. Franco e direto, ele nos mostrou que a paixão ainda é o grande combustível do Heavy Metal, confiram a seguir:

HM Breakdown: Olá Neto, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos fale sobre você e suas atividades.
José Carlos Neto: Primeiramente obrigado pela oportunidade de divulgar nosso trabalho no Heavy Metal Breakdown, é uma honra conceder essa entrevista. Bom, no momento estamos para lançar nosso 3º material, o álbum Extreme Media, que será lançado pela Black Legion Productions, Heavy Metal On Line e Retch Records da Bahia e até o inicio de junho já estará em nossas mãos para começarmos a desenvolver nosso trabalho como shows e etc. Estamos também com um projeto chamado Linha38 que conta com nós três da Venereal Sickness e um brother nosso chamado Lu Capeta, esse é um projeto diferente, pois é um som mais sem compromisso e cantado em português, há poucos dias entramos em estúdio e lançaremos em breve esse material, além disso, ainda tenho outra banda chamada Amnost, de Death Metal que também está com planos de entrar em estúdio esse ano.

HMB: O Venereal Sickness começou com uma proposta diferente, e com o tempo migraram para o Death Metal, porque essa mudança de direcionamento?
Neto: Na verdade os nossos três materiais são diferentes na minha concepção, no inicio da banda quando ainda tínhamos outros dois integrantes, e começamos a compor Death Metal, pois era nosso sonho tocar esse estilo, e as musicas eram Death Metal dentro do nosso limites, e musicas como Beyond The Death, que até hoje tocamos nos shows, tem uma energia muito boa. Já no segundo trabalho acrescentamos elementos mais Thrash mesclados com Blast Beats, o que deu uma nova cara para a banda e nosso próximo trabalho esta muito mais pesado, conseguimos pegar elementos dos dois trabalhos anteriores juntamente com a nossa evolução natural depois de 10 anos tocando juntos, e ficaram músicas com pegadas diferentes uma das outras, e acho que vai agradar a galera.

HMB: Como é a frequência de shows em sua região? Existe uma cena forte por ai?
Neto: Em nossa cidade ha uma sequência até boa de shows, mas é em sua maioria com bandas daqui mesmo, e infelizmente a molecada nova na cena ou até mesmo uns marmanjos insistem em tocar covers, bandas autorais são poucas, mas nunca morreu e atualmente esta rolando bem. Mas sempre juntamos com o pessoal de todo o leste de Minas, das cidades vizinhas, como Coronel Fabriciano, Ipatinga e Governador Valadares, e com essa união a cena por aqui nunca parou.

HMB: Fico feliz em saber! E não existe um intercambio com bandas de outros estados para que se apresentem na Região e vice-versa?
Neto: Sim. Sempre tocamos em cidades onde de alguma forma podemos fazer esse intercâmbio, mas sempre tocamos mais fora da nossa cidade do que as bandas amigas vieram tocar aqui, devido à falta de local e principalmente de público que realmente gosta de metal, pois nos dias de hoje a molecada prefere ouvir o que esta na moda por causa da Internet e não sabem mais dar valor aos eventos feitos por quem quer que a cena não morra. Atualmente estamos buscando mais esses eventos aqui e trazendo bandas que estão em turnê, como foi o caso do Flagelador em março.

HMB: Existe uma ligação da banda com o Web programa Heavy Metal On Line, que é capitaneado pelo seu irmão Clinger. Como você participa desta empreitada?
Neto: Desde novos eu e meu irmão, Júnior, que é baixista da Venereal Sickness, fomos influenciados pelos nossos dois irmãos mais velhos, desde a época do fanzine Skeletons Of Society, eu acompanhava as reuniões da turma para elaborar as edições. E com a era da internet o Clinger resolveu fazer o Heavy Metal On Line, e eu fui o primeiro entrevistado no programa piloto (risos), desde então eu e o Júnior sempre damos nosso apoio para ele como câmera ou entrevistando as bandas em eventos onde tocamos e que o Clinger não pode ir.

HMB: E como é ser parte de uma família Heavy Metal?
Neto: Acredito que todos gostariam de ter irmãos que tenham o mesmo gosto, e nós sempre demos valor ao Rock'n Roll, sempre quebrando os preconceitos em nossa cidade, e com essa força dentro de casa as coisas sempre deram certo. Ainda trabalhamos juntos na empresa que do Clinger, ou seja, pra ir curtir um evento ou ter que sair pra tocar, fica bem mais fácil. E nosso guitarrista Kim, ainda tem o pai dele, que gosta de metal e sempre nos apoiou nesses dez anos de banda.


HMB: Interessante! Como estão os planos para o lançamento do DVD com a história da banda e do novo álbum também?
Neto: Bom, já gravamos todo o documentário no fim do ano passado quando a banda completou os dez anos, os caras da produtora Xisto Louco de Viçosa, compraram a ideia e fizemos todo o processo de coleta dos materiais antigos como imagens, fotos, coisas da época e junto com uma biografia bem resumida os caras vieram para nossa cidade com o roteiro e gravamos com varias pessoas mais ligadas á banda e que tinham algo pra contar, apesar de ter faltado muita gente (risos). Mas agora estamos indo devagar, uma coisa de cada vez. Primeiro lançar o álbum no início de junho, já que os planos eram para o início do ano, mas todos sabem como é banda Underground. Então assim que começarmos a divulgar o álbum, as atenções se voltam para o lançamento do documentário, só não tenho uma data exata, mas espero no segundo semestre concluirmos esse trabalho que vai ficar massa.

HMB: Quais os meios que você usa para a divulgação do seu trabalho?
Neto: Hoje em dia não tem outro jeito né, cara? Tem que ser a internet, que ajuda muito nesse marketing acessível e barato, e dentro desse meio entram nossos parceiros Heavy Metal On Line e Black Legion Productions que nos ajudam a espalhar nosso som, matérias e vídeos. Mas ainda temos que fazer o marketing físico, como camisetas, CDs, adesivos e o principal, shows.

HMB: Você acha essencial que uma banda hoje, tenha o suporte de uma assessoria de imprensa?
Neto: Sim, com certeza, por mais que a internet seja um veículo de fácil divulgação, muitas bandas que querem mais comprometimento, uma assessoria é o caminho mais curto para facilitar essa parte, pois todos nós temos que trabalhar e estudar e se o camarada não tem o espirito de divulgar seu material, a assessoria faz esse papel.

HMB: E também tira o peso da divulgação das costas e os músicos podem manter o foco na música em si. Não acha que uma agência de booking seria outra opção?
Neto: Sim, claro, nesse momento para nós seria uma opção muito boa, eu que faço todos os contatos pra shows e muitas vezes são árduos os contato direto com os produtores, mas para fazer parceria com uma agência tem que ter planejamento, porque ai as coisas fluem e tem que ter disposição, mas espero fechar com uma também (risos).

HMB: Em que ponto da sua vida você se descobriu um baterista e quais são seus ídolos no instrumento?
Neto: Fui assistir meu primeiro show de Metal, há 14 anos aqui na minha cidade, que meu irmão Clinger e a galera da banda dele, Scarps e outros vários amigos da época organizaram, vieram bandas de BH e do leste de Minas, foi em plena praça publica, às dez horas da noite, foi ali que eu vi os primeiros bateristas de metal tocando ao vivo, pois eu já vinha assistindo a ensaios do Scarps, então foi nesse show que o Metal me conquistou de vez, vendo que era isso que eu queria, juntamente com meus irmãos mais velhos, e nesse dia vi vários bateristas, um exemplo é o Leandro Muratchas do Pathologic Noise de Belo Horizonte, que até hoje o cara manda muito. Quando comecei a conhecer os trabalhos dos bateristas, um veio a se tornar meu ídolo, Pete Sandoval do Morbid Angel, eu escutava o Covenant sem parar, e para mim é o melhor álbum do Morbid Angel e do Death Metal, mas claro, com o passar do tempo fiquei fã de vários, como Gene Hoglan, Max Kolesne, Donald Tardy, Vinnie Paul, Vinnie Appice, Aquiles Priester entre tantos outros até mesmo fora do metal.

HMB: Você concorda que a bateria é um instrumento universal? Que mesmo fora do deu nicho musical preferido sempre existe algo para aprender?
Neto: Sim, com certeza, acho e muito. Vejo muitos vídeos de bateras de Death Metal, Thrash, mas como fiz aulas com dois professores diferentes, aprendi muito outras vertentes da música, e ainda não aprendi nem a metade da metade (risos). Aprendi a tocar ritmos como samba, blues e até umas levadas gospel, que me ajudaram demais a acrescentar nas músicas que toco, hoje quando sento para treinar, tenho que ter meu momento de viajem, tocando coisas lentas e quebradas inventadas na hora, aulas de bateria ajudam demais o desenvolvimento e abre a cabeça. Vejo vídeos de crianças e de adultos tocando em baterias improvisadas, vi um vídeo um dia desses, de um cara na África tocando assim, e todos cantando daquele jeito típico deles, isso é de arrepiar, e até mesmo artistas de rua que ganham uma grana se divertindo. E meu aprendizado para mim, que ainda não atingi nada do que eu quero de verdade.

HMB: Se eu entendi, apesar de você vir de um estilo extremo, busca e aplica em sua música elementos vindos de outros ritmos e com isso enriquece sua própria arte?
Neto: Sim. Mas é uma coisa que vem mais de quem esta fazendo à parada, pois muitos não percebem isso, incluo algo aqui e ali, sendo que às vezes eu nem programo, por isso esse instrumento é tão doido, podemos inventar algo que para quem está tocando é incrível, pra outros passa despercebido.


HMB: Sua bagagem musical, aliada às mais diferentes influências, te dão uma visão diferente do usual na hora de compor suas partes?
Neto: Sim. Atualmente está mais fácil, pois tenho uma variação melhor de viradas e levadas já características do estilo, mas com um toque diferente. Eu cheguei a um ponto que eu não conseguia criar nada novo, e nas duas vezes que eu procurei aulas, foi por isso, pra renovar a mente.

HMB: Planos para o futuro?
Neto: Cara, agora é começar a divulgar o material novo e tentar agendar o máximo de shows por ai, e no próximo semestre lançar o documentário para colocar mais um material nosso pra circular.

HMB: Resuma José Carlos Neto em uma frase ou palavra.
Neto: Dedicado.

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Neto: Eu a Venereal Sickness, agradecemos a você JP e ao blog Heavy Metal Breakdown, por ceder esse espaço para podermos conceder essa entrevista para pessoas ligadas ao verdadeiro metal, é sempre um prazer, assim como eu já fiz muito quando ainda eram respondidas por cartas. E agradecer a todos que nos apoiam em todos esses anos de estrada e aos que ainda vão conhecer o nosso som, e quem sabe nos encontrar em shows trocar ideia e tomar uma cerva, obrigado mesmo. Valeu!

Um comentário:

  1. GRAVAÇÕES E PRODUÇÃO DE METAL EXTREMO EM BH!
    https://soundcloud.com/studio-attack-bh/venereal-sickness-ep-2013-som

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