quarta-feira, 7 de maio de 2014

Jony Roque, workaholic


Confesso! Entrevistar uma pessoa que você admira, não apenas pela qualidade de seus trabalhos artísticos, mas por também, existir uma amizade muito forte, é difícil. Mas, falar com Jony Roque sempre foi uma experiência agradável, o cara nasceu municiado com muito talento, bom humor, bom senso e humildade. Então, para não ficar aqui jogando confete, confiram tudo nessa conversa prá lá de descontraída.

HM Breakdown: Olá Jony, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos fale sobre você e suas atividades.
Jony Roque: Boa noite galera do Heavy Metal Breakdown, primeiramente muito obrigado por me procurar e com certeza vai ser um prazer bater esse papo, estou acompanhando o trabalho de vocês e está excelente.
Bem, o que eu posso dizer sobre mim (risos), meu nome é Jony Roque e sou um músico de Heavy Metal e Rock n’ Roll do interior paulista, mais precisamente Avaré,  sou fã de Heavy/Rock desde a adolescência e além de tocar em algumas bandas tenho alguns outros projetos dentro do mundo do Rock/Metal.
Atualmente participo de alguns projetos que são:
Radio88: Eu sou vocalista dessa banda que é voltada para o Rock n’ Roll clássico e a usamos pra satisfazer nosso desejo de tocar alguns cover das bandas que nos influenciam e que tanto amamos (risos).
Devil’s Punch: Sou Vocalista e Baixista dessa banda de som autoral fundada no final de 2013, lançamos até agora um single, “Crawling in your veins”, que teve uma aceitação muito boa até o momento e estamos preparando nosso primeiro EP que começará a ser gravado em dois meses, o som dessa banda é mais voltado para o Stoner com uma pegada forte de Heavy Metal e Southern Metal, nossas influências são: Down, Texas Hippie Coalition, Kill Devil Hills, Pantera e por ai vai.
D.I.E.: Juntei-me há pouco tempo a essa banda sensacional que é a D.I.E., já era amigo dos caras há anos e acompanhava o trabalho deles desde o início, fazemos um Hardcore Crossover bem raivoso por assim dizer, com letras de cunho social, politico e (anti) religioso e também é uma banda autoral, sensacional tocar com esses caras, nela eu sou baixista.
On The Rock: O On The Rock é um programa de rádio apresentado por mim todas as quintas feiras das 20 às 22 horas pela Radio Cidadania e que também pode ser ouvida on-line pelo link: www.radiocidadania.com.br, como tenho carta branca nessa emissora rolam todas vertentes do Rock/Metal desde Punk até Black Metal, sem exagero é isso mesmo (risos). E também procuro rolar muito som de bandas independentes.
Anti-Heroi Recordz: O Anti-Heroi Recordz é um blog que eu fundei há algum tempo com o intuito de divulgar as bandas Undergrounds do Brasil, mas estamos começando a abrir espaço para bandas gringas também, desde que sejam independentes, estamos abrindo esse espaço porque ajuda na visualização das bandas nacionais fora do país.  Faço esse blog junto com o meu grande brother JP Carvalho da banda Yekun de São Paulo e minha amiga Camila Moreira, uma grande fã e conhecedora de Heavy Metal. O mais legal de trabalhar com esse blog é ter possibilidade de conhecer inúmeras bandas excelentes e ter um contato mais próximo com elas.

HMB: Como você organiza seu tempo para tantas atividades?
Jony Roque: Complicado responder está pergunta (risos), às vezes nem eu mesmo sei como arranjo tempo pra tanta coisa. Mas eu acho que consigo principalmente por definir as prioridades e vou encaixando cada coisa conforme eu tenho tempo.
As minhas prioridades são as atividades exercidas com as bandas, até porque tenho que adequar as agendas de shows para não prejudicar nenhuma, primeiro defino em qual dia farei cada coisa e vou encaixando o restante conforme tenho tempo, o On The Rock eu apresento toda quinta, já é uma data fixa então não tem como correr disso, e vou alocando o tempo entre as bandas e no espaço que sobra, encaixo as atividades do Anti-Herói Recordz. Acho que funciona mais ou menos assim (risos).


HMB: Como você vê a cena da música pesada brasileira?
Jony: Musicalmente falando a cena da música pesada Brasileira é ótima, temos milhares de bandas que vem fazendo um excelente trabalho, eu perderia o restante do dia listando essas bandas. Por outro lado temos ainda uma estrutura precária que não corresponde à qualidade dos nossos músicos. Creio que as bandas nacionais não devem em nada para as bandas estrangeiras, já a nossa cena perde muito comparada, principalmente, com Europa e Estados Unidos, basta você ver as entrevistas das bandas brasileiras logo após retornarem de turnês nos Estados Unidos ou Europa, não estou dizendo que lá fora tudo é perfeito, isso seria utopia só estou dizendo que estão um pouco à nossa frente. Não conseguimos, infelizmente, oferecer às nossas bandas uma estrutura boa para desempenharem seu trabalho. Ainda hoje é difícil para nós músicos de Heavy Metal termos acesso a instrumentos e equipamentos profissionais, tudo é muito caro no Brasil, gravar e lançar nossos trabalhos de forma independente também, tudo dispende muito dinheiro: gravar, prensar, fazer a arte gráfica, divulgar, gravar um clipe, fazer uma turnê etc. Ou seja, nada é fácil e o apoio e retorno financeiro praticamente zero, só continua na cena quem verdadeiramente faz por amor, que acho que seja até um diferencial brasileiro: passar por cima das dificuldades e fazer não importa como, somos muito bons nisso (risos).

HMB: Realmente somos! Partindo do que você disse, será que uma reformulação tributária não facilitaria, em muito, o acesso a instrumentos e serviços? E a partir disso, você acha que, a própria cena mudaria, visto que com mais facilidades, haveria mais investimentos?
Jony: Bem, na questão dos equipamentos com certeza, pois bandas, casas de shows e estúdio teriam condições para adquirir equipamentos melhores e serviços com um preço mais acessível.
Quanto à parte de investimentos creio que isso não dependa de uma reforma tributaria ou de preços menores, depende sim da mudança cultural de quem está inserido nessa cena, principalmente por parte do publico, empresários e produtores do ramo acreditarem nas bandas brasileiras e dar o devido valor a elas. Veja bem, há uma discussão enorme sobre o publico valorizar muito mais as bandas de fora do que às daqui e essa discussão vai perdurar por muitos anos, vindo uma reforma tributária ou não. Uma das formas de mudar isso é comparecer aos eventos e pagar a entrada sem ficar chorando por R$5,00 que é o que os eventos do Underground cobram na sua maioria. A matemática é simples: se o publico comparece aumentam os eventos bem estruturados e com bandas de qualidade, se o publico não comparece aumentam os eventos precários feitos por produtores pilantras que só querem explorar bandas e publico. É o que eu penso.

HMB: Ou seja, basta quem está na cena, dar valor ao que tem?
Jony: Basicamente isso, são muitos fatores a serem analisados, ficaríamos o dia discutindo isso, mas basicamente é isso mesmo!

HMB: Como você vê a atuação da OMB (Ordem dos Músicos do Brasil)? Acredita que esta seja uma instituição séria?
Jony: Até hoje não vi a OMB fazer nada de útil para o músico brasileiro, seja de qualquer estilo, então não consigo opinar firmemente sobre isso, mas a impressão que eu tenho é que se trata de mais uma organização inútil.

HMB: Como andam os trabalhos com o Devil´s Punch?
Jony: A Devil's Punch agora está a todo vapor, ficamos parados por alguns meses devido a alguns problemas, mas agora nos firmamos com um Power trio e estamos pré produzindo o EP que será lançado até o meio do ano.

HMB: Quais as perspectivas para este lançamento?
Jony: O plano é gravar quatro músicas novas e lançar de duas maneiras, como um web-EP que poderá ser baixado gratuitamente e também em formato físico, além disso, uma das musicas ganhara um clipe que será lançado junto com este EP.

HMB: Que tipo de mídia vocês usam para a divulgação do seu trabalho?
Jony: Usamos tudo disponível para a divulgação do trabalho, Internet, correio, e também trabalhamos desde o início da banda com a Metal Media Management dos meus grandes brothers Rodrigo Balan e Débora Brandão, fazem um excelente trabalho e ajudam muito na administração da banda.

HMB: Visto que você atua em diferentes estilos, você tem algum preparo especial para sua voz e para seu condicionamento físico?
Jony: Bem eu estudo técnica vocal desde a adolescência, quando comecei pra valer em bandas de rock, então sempre me preocupei com saúde vocal, em cantar corretamente e isso segue até hoje. Engraçado que quando você começa a estudar técnicas vocais você fica neurótico com tantas lendas que rondam por ai como: o que comer ou o que beber, chás milagrosos e toda essas historias mirabolantes, mas depois que você pega um pouco de experiência você percebe que o melhor é sempre o básico: exercitar respiração, aquecimento e afinação, você fazendo isso frequentemente e de maneira correta sua evolução vem naturalmente. Quanto a atuar em vários estilos isso é algo que todo vocalista deveria fazer, pois cada estilo tem algo novo a acrescentar e quanto mais confortável você se sente cantando estilos diferentes mais você consegue adicionar no seu jeito próprio de cantar.

HMB: Você cantava em uma banda que eu, particularmente, achava sensacional! Porque o Steps of Silence acabou? E porque resolveu formar o Devil´s Punch?
Jony: Eu não diria que a Steps of Silence acabou, diria que entramos em um hiato. As muitas mudanças de formação acabaram nos desgastando e chegou a um ponto que precisávamos de uma pausa disso tudo. Foi difícil trocar de formação quando começamos a gravar o EP, foi difícil terminar a gravação com mais uma mudança e foi mais difícil ainda tentar fazer shows com as mudanças acontecendo. Mas esses dias mesmo eu e o Ricardo (Fusco, guitarrista e letrista) conversamos e levantamos a hipótese de gravar as músicas que estão prontas e eu creio que isso possa acontecer até o fim do ano, mesmo com esse hiato o Ricardo é um dos meus melhores amigos e com certeza faz falta tocar na Steps of Silence com ele e com o restante da banda, principalmente do início que são Gabriel e o Rodrigo, mas quem sabe né, veremos (risos). Já a Devil’s Punch veio naturalmente, com esse hiato da Steps of Silence eu precisava de uma válvula de escape e precisava estar em ação compondo, gravando e tocando e era algo que eu já tinha em mente a algum tempo que era fazer um som diferente da Steps of Silence com uma pegada mais Southern/Rocker/Stoner e por ai vai, tive a sorte de encontrar os caras certos pra fazer esse som. O Rick e o Dani encaixaram perfeitamente na banda e estamos trabalhando duro para lançar o próximo trabalho.


HMB: Algum conselho aos cantores iniciantes?
Jony: Que estudem e treinem o máximo que puderem, que tenham a mente aberta para sempre aprender mais e que independente de técnica que cantem com feeling a cima de tudo.

HMB: Planos para o futuro?
Jony: Gravar e lançar os próximos trabalhos da D.I.E. e Devil´s Punch e estar no palco o máximo que eu puder e ter mais tempo para o Anti-Heroi Recordz também.

HMB: Resuma Jony Roque em uma frase.
Jony: “Stand up and FIGHT” (risos).

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Jony: Eu que agradeço a oportunidade de poder falar um pouco sobre meu trabalho e gostaria de dar meus parabéns ao HMB que está a cada dia melhor e mais forte, que tenham sucesso nessa empreitada. Acho que a única mensagem que poderia deixar para os leitores do HMB é que apoiem as bandas locais, que compareçam aos eventos e que deem valor ao que temos, no mais é isso, abraços.

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