Confesso! Entrevistar uma pessoa que você admira, não apenas pela qualidade de seus
trabalhos artísticos, mas por também, existir uma amizade muito forte, é difícil.
Mas, falar com Jony Roque sempre foi uma experiência agradável, o cara nasceu
municiado com muito talento, bom humor, bom senso e humildade. Então, para não
ficar aqui jogando confete, confiram tudo nessa conversa prá lá de
descontraída.
HM Breakdown: Olá Jony, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa
conversa. Agora, nos fale sobre você e suas atividades.
Jony Roque: Boa
noite galera do Heavy Metal Breakdown, primeiramente muito obrigado por me
procurar e com certeza vai ser um prazer bater esse papo, estou acompanhando o
trabalho de vocês e está excelente.
Bem, o que eu
posso dizer sobre mim (risos), meu nome é Jony Roque e sou um músico de Heavy
Metal e Rock n’ Roll do interior paulista, mais precisamente Avaré, sou fã de Heavy/Rock desde a adolescência e
além de tocar em algumas bandas tenho alguns outros projetos dentro do mundo do
Rock/Metal.
Atualmente
participo de alguns projetos que são:
Radio88: Eu sou
vocalista dessa banda que é voltada para o Rock n’ Roll clássico e a usamos pra
satisfazer nosso desejo de tocar alguns cover das bandas que nos influenciam e
que tanto amamos (risos).
Devil’s Punch:
Sou Vocalista e Baixista dessa banda de som autoral fundada no final de 2013,
lançamos até agora um single, “Crawling in your veins”, que teve uma aceitação
muito boa até o momento e estamos preparando nosso primeiro EP que começará a
ser gravado em dois meses, o som dessa banda é mais voltado para o Stoner com
uma pegada forte de Heavy Metal e Southern Metal, nossas influências são: Down,
Texas Hippie Coalition, Kill Devil Hills, Pantera e por ai vai.
D.I.E.: Juntei-me
há pouco tempo a essa banda sensacional que é a D.I.E., já era amigo dos caras
há anos e acompanhava o trabalho deles desde o início, fazemos um Hardcore
Crossover bem raivoso por assim dizer, com letras de cunho social, politico e
(anti) religioso e também é uma banda autoral, sensacional tocar com esses
caras, nela eu sou baixista.
On The Rock: O
On The Rock é um programa de rádio apresentado por mim todas as quintas feiras
das 20 às 22 horas pela Radio Cidadania e que também pode ser ouvida on-line
pelo link: www.radiocidadania.com.br, como tenho carta branca nessa emissora
rolam todas vertentes do Rock/Metal desde Punk até Black Metal, sem exagero é
isso mesmo (risos). E também procuro rolar muito som de bandas independentes.
Anti-Heroi
Recordz: O Anti-Heroi Recordz é um blog que eu fundei há algum tempo com o
intuito de divulgar as bandas Undergrounds do Brasil, mas estamos começando a
abrir espaço para bandas gringas também, desde que sejam independentes, estamos
abrindo esse espaço porque ajuda na visualização das bandas nacionais fora do
país. Faço esse blog junto com o meu
grande brother JP Carvalho da banda Yekun de São Paulo e minha amiga Camila
Moreira, uma grande fã e conhecedora de Heavy Metal. O mais legal de trabalhar
com esse blog é ter possibilidade de conhecer inúmeras bandas excelentes e ter
um contato mais próximo com elas.
HMB: Como você
organiza seu tempo para tantas atividades?
Jony Roque: Complicado
responder está pergunta (risos), às vezes nem eu mesmo sei como arranjo tempo
pra tanta coisa. Mas eu acho que consigo principalmente por definir as
prioridades e vou encaixando cada coisa conforme eu tenho tempo.
As minhas prioridades
são as atividades exercidas com as bandas, até porque tenho que adequar as
agendas de shows para não prejudicar nenhuma, primeiro defino em qual dia farei
cada coisa e vou encaixando o restante conforme tenho tempo, o On The Rock eu apresento
toda quinta, já é uma data fixa então não tem como correr disso, e vou alocando
o tempo entre as bandas e no espaço que sobra, encaixo as atividades do Anti-Herói
Recordz. Acho que funciona mais ou menos assim (risos).
HMB: Como você
vê a cena da música pesada brasileira?
Jony:
Musicalmente falando a cena da música pesada Brasileira é ótima, temos milhares
de bandas que vem fazendo um excelente trabalho, eu perderia o restante do dia
listando essas bandas. Por outro lado temos ainda uma estrutura precária que
não corresponde à qualidade dos nossos músicos. Creio que as bandas nacionais
não devem em nada para as bandas estrangeiras, já a nossa cena perde muito
comparada, principalmente, com Europa e Estados Unidos, basta você ver as
entrevistas das bandas brasileiras logo após retornarem de turnês nos Estados
Unidos ou Europa, não estou dizendo que lá fora tudo é perfeito, isso seria
utopia só estou dizendo que estão um pouco à nossa frente. Não conseguimos,
infelizmente, oferecer às nossas bandas uma estrutura boa para desempenharem
seu trabalho. Ainda hoje é difícil para nós músicos de Heavy Metal termos
acesso a instrumentos e equipamentos profissionais, tudo é muito caro no
Brasil, gravar e lançar nossos trabalhos de forma independente também, tudo dispende
muito dinheiro: gravar, prensar, fazer a arte gráfica, divulgar, gravar um
clipe, fazer uma turnê etc. Ou seja, nada é fácil e o apoio e retorno
financeiro praticamente zero, só continua na cena quem verdadeiramente faz por
amor, que acho que seja até um diferencial brasileiro: passar por cima das
dificuldades e fazer não importa como, somos muito bons nisso (risos).
HMB: Realmente
somos! Partindo do que você disse, será que uma reformulação tributária não
facilitaria, em muito, o acesso a instrumentos e serviços? E a partir disso,
você acha que, a própria cena mudaria, visto que com mais facilidades, haveria
mais investimentos?
Jony: Bem,
na questão dos equipamentos com certeza, pois bandas, casas de shows e estúdio
teriam condições para adquirir equipamentos melhores e serviços com um preço
mais acessível.
Quanto à parte
de investimentos creio que isso não dependa de uma reforma tributaria ou de preços
menores, depende sim da mudança cultural de quem está inserido nessa cena,
principalmente por parte do publico, empresários e produtores do ramo
acreditarem nas bandas brasileiras e dar o devido valor a elas. Veja bem, há
uma discussão enorme sobre o publico valorizar muito mais as bandas de fora do
que às daqui e essa discussão vai perdurar por muitos anos, vindo uma reforma
tributária ou não. Uma das formas de mudar isso é comparecer aos eventos e
pagar a entrada sem ficar chorando por R$5,00 que é o que os eventos do Underground
cobram na sua maioria. A matemática é simples: se o publico comparece aumentam
os eventos bem estruturados e com bandas de qualidade, se o publico não
comparece aumentam os eventos precários feitos por produtores pilantras que só
querem explorar bandas e publico. É o que eu penso.
HMB: Ou seja,
basta quem está na cena, dar valor ao que tem?
Jony:
Basicamente isso, são muitos fatores a serem analisados, ficaríamos o dia
discutindo isso, mas basicamente é isso mesmo!
HMB: Como você
vê a atuação da OMB (Ordem dos Músicos do Brasil)? Acredita que esta seja uma
instituição séria?
Jony: Até hoje
não vi a OMB fazer nada de útil para o músico brasileiro, seja de qualquer
estilo, então não consigo opinar firmemente sobre isso, mas a impressão que eu
tenho é que se trata de mais uma organização inútil.
HMB: Como andam
os trabalhos com o Devil´s Punch?
Jony: A Devil's
Punch agora está a todo vapor, ficamos parados por alguns meses devido a alguns
problemas, mas agora nos firmamos com um Power trio e estamos pré produzindo o
EP que será lançado até o meio do ano.
HMB: Quais as perspectivas para este lançamento?
Jony: O plano é
gravar quatro músicas novas e lançar de duas maneiras, como um web-EP que
poderá ser baixado gratuitamente e também em formato físico, além disso, uma
das musicas ganhara um clipe que será lançado junto com este EP.
HMB: Que tipo de
mídia vocês usam para a divulgação do seu trabalho?
Jony: Usamos
tudo disponível para a divulgação do trabalho, Internet, correio, e também
trabalhamos desde o início da banda com a Metal Media Management dos meus
grandes brothers Rodrigo Balan e Débora Brandão, fazem um excelente trabalho e
ajudam muito na administração da banda.
HMB: Visto que
você atua em diferentes estilos, você tem algum preparo especial para sua voz e
para seu condicionamento físico?
Jony: Bem eu
estudo técnica vocal desde a adolescência, quando comecei pra valer em bandas
de rock, então sempre me preocupei com saúde vocal, em cantar corretamente e
isso segue até hoje. Engraçado que quando você começa a estudar técnicas vocais
você fica neurótico com tantas lendas que rondam por ai como: o que comer ou o
que beber, chás milagrosos e toda essas historias mirabolantes, mas depois que
você pega um pouco de experiência você percebe que o melhor é sempre o básico:
exercitar respiração, aquecimento e afinação, você fazendo isso frequentemente
e de maneira correta sua evolução vem naturalmente. Quanto a atuar em vários
estilos isso é algo que todo vocalista deveria fazer, pois cada estilo tem algo
novo a acrescentar e quanto mais confortável você se sente cantando estilos
diferentes mais você consegue adicionar no seu jeito próprio de cantar.
HMB: Você
cantava em uma banda que eu, particularmente, achava sensacional! Porque o
Steps of Silence acabou? E porque resolveu formar o Devil´s Punch?
Jony: Eu
não diria que a Steps of Silence acabou, diria que entramos em um hiato. As
muitas mudanças de formação acabaram nos desgastando e chegou a um ponto que
precisávamos de uma pausa disso tudo. Foi difícil trocar de formação quando
começamos a gravar o EP, foi difícil terminar a gravação com mais uma mudança e
foi mais difícil ainda tentar fazer shows com as mudanças acontecendo. Mas
esses dias mesmo eu e o Ricardo (Fusco, guitarrista e letrista) conversamos e
levantamos a hipótese de gravar as músicas que estão prontas e eu creio que
isso possa acontecer até o fim do ano, mesmo com esse hiato o Ricardo é um dos
meus melhores amigos e com certeza faz falta tocar na Steps of Silence com ele
e com o restante da banda, principalmente do início que são Gabriel e o
Rodrigo, mas quem sabe né, veremos (risos). Já a Devil’s Punch veio
naturalmente, com esse hiato da Steps of Silence eu precisava de uma válvula de
escape e precisava estar em ação compondo, gravando e tocando e era algo que eu
já tinha em mente a algum tempo que era fazer um som diferente da Steps of
Silence com uma pegada mais Southern/Rocker/Stoner e por ai vai, tive a sorte
de encontrar os caras certos pra fazer esse som. O Rick e o Dani encaixaram
perfeitamente na banda e estamos trabalhando duro para lançar o próximo trabalho.
HMB: Algum
conselho aos cantores iniciantes?
Jony: Que
estudem e treinem o máximo que puderem, que tenham a mente aberta para sempre
aprender mais e que independente de técnica que cantem com feeling a cima de
tudo.
HMB: Planos para o futuro?
Jony:
Gravar e lançar os próximos trabalhos da D.I.E. e Devil´s Punch e estar no
palco o máximo que eu puder e ter mais tempo para o Anti-Heroi Recordz também.
HMB: Resuma Jony
Roque em uma frase.
Jony: “Stand up and FIGHT” (risos).
HMB: Obrigado
pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma
mensagem para os nossos leitores.
Jony: Eu
que agradeço a oportunidade de poder falar um pouco sobre meu trabalho e
gostaria de dar meus parabéns ao HMB que está a cada dia melhor e mais forte,
que tenham sucesso nessa empreitada. Acho que a única mensagem que poderia
deixar para os leitores do HMB é que apoiem as bandas locais, que compareçam
aos eventos e que deem valor ao que temos, no mais é isso, abraços.
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