segunda-feira, 26 de maio de 2014

Count Imperium, ...o povo brasileiro além de ser acomodado, também é covarde e omisso


Count Imperium, da banda Ocultan, além de um lutador no cenário Black Metal nacional, é afiado em suas declarações e dono de uma qualidade invejável, a sinceridade. Ele nos concedeu essa entrevista muito esclarecedora sobre sua banda e sua forma de ver e encarar o Underground e mundo. Confira agora nas palavras deste verdadeiro batalhador do cenário nacional.

HM Breakdown: Antes de tudo, obrigado pelo seu tempo e pro nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos fale sobre você e suas atividades.
C.Imperium: Eu que devo agradecer ao Heavy Metal Breakdown pela conversa! Antes de fundar o Ocultan, já tive passagem por duas bandas paulista o Ossuary de 1990 a 1991, LuciferI de 1992 a 1993. Em 1994 no início das atividades da banda eu exercia as funções de baixista e vocalista. Com o lançamento de nosso segundo demo-tape, o então guitarrista Cerberus deixou a banda alegando problemas particulares. Foi então que assumi as funções de guitarrista e vocalista. Em 2001, após o lançamento do debut álbum Bellicus Profanus, nosso baterista Lord Fausto deixou a banda também por motivos particulares. Passou-se algum tempo e tivemos muita dificuldade para encontrar um baterista que atendesse as nossas necessidades. E como não tivemos alternativa, recrutamos um novo vocalista, e passei a exercer a função de baterista. Em 2009 após a saída do vocalista Legacy resolvi assumir as funções de baterista e vocalista. No final de 2013 conseguimos encontrar um baterista que atendesse nossas necessidades, foi então que passei a me dedicar apenas aos vocais.

HMB: Com tantas mudanças de formação, como foi à luta para manter as características da banda e não permitir que o som mudasse radicalmente?
C.imperium: É claro que quando ocorre à substituição de um determinado músico, de certa forma acabam ocorrendo mudanças. Enfim cada músico possui sua própria característica. Sempre que ocorreram mudanças em nossa formação procuramos escolher uma pessoa que se encaixe-se dentro do contesto ideológico e musical da banda.
Com o passar dos anos nossas músicas sofreram mudanças, que a meu ver foi de suma importância para a evolução da banda. Essas mudanças ocorreram de forma natural conforme as nossas necessidades. Sabemos até que ponto podemos chegar, e se algum integrante não esta mais satisfeito e quer tocar algo diferente, é melhor que o mesmo de lugar para outra pessoa, que esteja disposta a tocar dentro de nossos padrões musicais.


HMB: Qual é o processo de criação da banda? E como são desenvolvidas as letras?
C.Imperium: Lady of Blood (guitarrista) é responsável pela criação das músicas. Eu sou responsável pela parte lírica e pelos vocais. Os demais integrantes possuem a liberdade para trabalhar na criação e evolução de seus instrumentos.
A criação de nossas letras provém do conhecimento que possuímos através de estudos e práticas ritualísticas.

HMB: Como você vê o cenário da música pesada nacional?
C.Imperium: Temos grandes bandas por aqui, que não perdem em nada para as bandas internacionais. Infelizmente a maioria dos produtores de shows e gravadoras do Brasil tem preferencia por trabalhar com artistas internacionais para obter maior retorno financeiro. E o público por sua vez prefere pagar R$ 300 para ver shows de bandas de fora e não paga R$15 ou R$20 para ver as bandas nacionais. Sempre que tem algum show com bandas nacionais, vejo que a maioria das pessoas reclamar que gostaria de ir, mas não vão porque estão sem dinheiro. Na semana ou mês seguinte tem show com banda internacional, lá estão todos eles! Reclamam que o preço do ingresso esta caro e mesmo assim não deixam de marca presença. Sem contar que na maioria das vezes pagam para assistir shows de bandas que estão tocando ali, e não estão dando a mínima para o público presente, só estão preocupados em encher seus bolsos de dinheiro.

HMB: Não seria cultural do brasileiro, enaltecer produtos de outra cultura e desmerecer a própria?
C.Imperium: Sim! Já está mais do que comprovado, que a maioria dos brasileiros pensa dessa forma. Infelizmente o povo só tem orgulho do próprio pais, ou daqueles onze brasileiros que nos representam durante os  jogos da copa do mundo de futebol. Nessa época praticamente param o pais, é comum ver bandeiras do Brasil hasteadas pelas ruas e casas. Gostaria de ver o brasileiro agir dessa forma durante o ano todo. Fora isso ninguém é valorizado por aqui! A verdade é que a maioria do povo brasileiro além de ser acomodado, também é covarde e omisso. As pessoas preferem parar o país e sair nas ruas para comemorar uma vitória da seleção, do que saírem para protestar contra essa merda de governo corrupto que a cada dia que passa, afunda  cada vez mais o Brasil.


HMB: Você vê alguma coisa de bom que a copa do mundo possa trazer para o país, durante ou após baixarem as lonas do circo?
C.Imperium: Estamos carecas de saber que o Brasil não tem porte para realizar um evento desse nível. Antes de começar as obras para essa porcaria o pais já estava uma lastima. Quando começaram as construções e reformas dos estádios a coisa piorou de vez. Quem acompanha os noticiários sabe do que estou falando.


HMB: Ainda insistindo na política, você acha que esses planos de investimento cultural do governo são realmente feitos para a minoria?
C.Imperium: Sim! O governo por sua vez tem que fazer uma coisa aqui outra ali  para dizer que esta dando apoio cultural. A verdade é que se o governo faz algumas coisas é com o intuito de desviar o dinheiro publico.


HMB: Você e Lady of Blood são casados, isso interfere na hora da composição ou se torna muito mais fácil pela convivência diária?
C.Imperium: Esse é o tipo coisa que não se pode misturar. Quando temos que resolver qualquer coisa relacionada às atividades da banda, procuramos deixar de lado esse fator.

HMB: Como você descreveria o cenário Black Metal brasileiro?
C.Imperium: Temos grandes bandas que não perder em nada para bandas gringas. Mesmo com a falta de apoio da mídia e público, que sempre dão preferência aos artistas internacionais, o cenário esta cada vez mais forte. Sempre que posso compareço em shows e também procuro adquirir materiais de bandas nacionais. De certa forma fico muito chateado com a grande quantidade de bandas que estão à procura de selos para lançarem seus materiais. Infelizmente as portas parecem estar se fechando a cada dia que passa para as bandas mais desconhecidas. Não tenho dúvidas em afirmar que, o maior culpado nessa historia é o próprio publico que em sua maioria acha que os gringos são melhores que nós brasileiros, (risos)
Infelizmente ainda temos aqueles que passaram no tempo. Acham que o metal se resume somente a década de 80 e 90, por esse motivo desprezam as bandas atuais.
Para finalizar não podia deixar de citar esse bando de pau no cu, colecionadores de mp3, que conhecer e ouvem de tudo. Mas se recusam a comprar materiais originais de bandas que eles mesmos dizem gostar e apoiar.

HMB: Hoje uma banda vive muito mais do seu merchandising do que do lançamento do seu produto principal, que é a música? Como é essa realidade dentro do Ocultan?
C.Imperium: Particularmente acho muito difícil, uma banda underground aqui do Brasil, conseguir viver somente das vendas de seu merchandising. Estamos passando por um momento complicado dentro do Underground. A grande maioria das pessoas não faz a mínima questão de ter materiais originais das bandas. Lembro-me bem quem há quinze anos as coisas eram bem diferentes que nos dias atuais. O publico fazia questão de comprar o material direto com das bandas. Lembro que as bandas vendiam em media 25 a 30 CDs e 5 a 7 camisetas em cada um dos shows. Infelizmente hoje em dia as coisas mudaram, além dos gastos com as gravações de seus respectivos CDs. A maioria das bandas, principalmente aquelas que não são conhecidas acabam tendo que pagar de seu próprio bolso todos os gastos referentes a viagens, hospedagem e alimentação para poder tocar ao vivo. Por esse motivo acredito que é impossível retornar esses gastos com as vendas de seus materiais.
No caso do Ocultan, optamos por quase não tocar ao vivo para evitar que tenhamos esse tipo de gasto. Preferirmos tocar uma ou duas vezes durante o ano em shows que o produtores arquem com todos os gastos referentes a locomoção e estadia da banda. Acreditamos que agindo dessa forma conseguiremos economizar um dinheiro que jamais terá retorno.

HMB: Está é uma reclamação que quase todas as bandas tem. Você acredita em uma mudança dessa mentalidade em um futuro próximo?
C.Imperium: Acho muito difícil as coisas mudarem, essa nova geração já se acostumou com essa onda de baixar mp3. A cada dia que passa vejo que os preços de CDs estão baixando. Ao acessar os sites de algumas gravadoras encontraremos vários CDs de bandas excelentes sendo vendidos por R$10,00 ou R$15,00. As gravadoras já começaram a se mover abaixando seus preços na tentativa de estimular as vendas. Agora só falta o publico se conscientizar é fazer sua parte.


HMB: Planos para o futuro?
C. Imperium: No momento estamos focados nas composições que farão parte do nosso próximo álbum. Que tem previsão para ser lançado no primeiro trimestre de 2015.

HMB: Resuma C.Imperium em uma palavra ou frase.
C.Imperium: Guerreiro!

HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo,  deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
C.Imperium: Eu que agradeço pela conversa que tivemos! Gostaria de agradecer a todos aqueles que verdadeiramente apoiam o Metal Extremo nacional! Hail!

2 comentários:

  1. Porra que dahora! Sempre admirei a luta do Marcelo e da Diana. Esses sim são fiéis ao metal e ao underground!

    ResponderExcluir
  2. Hail Ocultan, avançamos guerreiros contra esses posers colecionadores de MP3 malditos.

    ResponderExcluir