Julie Sousa, historiadora, baterista da banda de Doom Metal,
Mortarium e editora-chefe e organizadora
da revista online Hi Hat Girls Magazine (a primeira publicação brasileira
voltada para mulheres bateristas). A carioca Julie Sousa começou a tocar em
2008, e gradativamente vem conquistando seu espaço enquanto baterista de Heavy
Metal. Empreendedora de fibra e com muita lenha para queimar, tivemos um bate
papo agradável e interessante, que você confere agora:
HM Breakdown: Antes de tudo, obrigado pelo seu
tempo e pro nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos fale sobre você e
suas atividades.
Julie Sousa: Eu é que agradeço pela oportunidade! Bom, falar sobre si mesmo é bem difícil, pelo menos para mim
é (risos), mas vamos lá: Eu sou baterista da Mortarium, banda feminina de Doom
Metal oriunda do Rio de Janeiro. Idealizei o projeto e juntamente com outras
bateristas criamos a Hi Hat Girls Magazine, uma revista online sobre mulheres
bateristas, na verdade é a primeira publicação sobre mulheres bateristas do
Brasil. Fora isso, sou formada em História pela UERJ.
HMB: Dê-nos a sua visão da cena Heavy Metal nacional.
Acredita que estamos de igual para igual com outros países?
Julie: Sem dúvida nenhuma, não devemos nada para os outros
países nesse quesito. Temos excelentes bandas, excelentes músicos! O que precisamos
melhorar, em minha opinião, é com relação à valorização do que é nosso.
HMB: Essa é uma questão muito discutida, porém, cada um tem
uma visão diferente do todo. Uns acreditam que a causa é o público que não vai
aos shows, outros que a bandas precisam se unir e por assim vai. Qual a sua
visão disso?
Julie: Acho que em relação ao público, as coisas poderiam
sim melhorar bastante, mas não acho positivo e nem acho que vá melhorar alguma
coisa se, ficarmos gastando energia reclamando ou criticando, prefiro falar dos
muitos pontos positivos que temos para valorizar, como as excelentes bandas que
temos no país, com excelentes trabalhos e grandes músicos, muitas vezes
desvalorizados ou desprestigiados pela dita "mídia especializada".
HMB: Mas mesmo assim existem blogs, Programas de TV online e
os mais diversos grupos no facebook que apoiam e só existem em prol do metal
nacional. Essa seria uma ferramenta válida para a divulgação de uma banda ou de
um trabalho voltado ao cenário?
Julie: Sim, e são esses blogs, geralmente de pequeno porte,
um dos principais responsáveis pela informação que temos sobre a cena em outros
estados, sobre novas bandas, etc. São extremamente importantes. E geralmente
são iniciativas de fãs do Metal, no legítimo espírito do "faça você
mesmo", e isso é muito bacana! Posso citar inclusive o programa Arte
Extrema, a página "Metal Brasil: Público e bandas merecem respeito" e
o blog e page "Doom Metal BR", todos estes têm feito um excelente
trabalho, apoiando as bandas brasileiras de Metal. Recomendo!
HMB: Sim, são excelentes! Podemos dizer que sobrevivemos no
underground do underground?
Julie: Basicamente sim, penso eu.
HMB: Sendo assim, o Heavy Metal sobrevive graças ao trabalho
árduo, muitas vezes, de empreendedores que movidos por uma paixão fazem a cena
acontecer e se manter? Você se encaixa nessa realidade?
Julie: Completamente!
HMB: Como andam os trabalhos com a Mortarium? Podemos
esperar novidades para breve?
Julie: Este ano fizemos alguns shows muito bacanas aqui no
Rio e voltamos a São Paulo para tocar, foi maravilhoso estar novamente ao lado
de pessoas queridas e rever amigos que fizemos aí.
No momento demos uma pequena pausa para resolvermos assuntos
pertinentes ao lançamento do nosso primeiro CD, previsto para este ano.
HMB: Você pode nos adiantar alguma coisa sobre este
lançamento?
Julie: Nós gravamos no estúdio Mendhl, do nosso amigo Isaac
Mendhl e posso dizer que estamos ficando satisfeitas com os resultados. Todas
nós temos multitarefas, temos nosso lado profissional, acadêmico, doméstico,
enfim, não temos muito tempo disponível para nos dedicar exclusivamente às
gravações, por este motivo a demora na conclusão do CD, mas sem dúvidas será
uma boa surpresa para quem nos acompanha.
HMB: E a revista Hi Hat Girls Magazine. Fale sobre este
projeto.
Julie: A Hi Hat Girls Magazine é uma revista online sobre
mulheres bateristas, inclusive é a primeira publicação do Brasil sobre este
tema. Surgiu em 2012 quando eu postei sobre a ideia no grupo "Mulheres
Bateristas do Brasil", e em seguida a Fernanda Terra, A Simone Del Ponte e
outras meninas se uniram em prol deste objetivo e nos preparamos para lançar a
primeira edição, alguns meses depois.
Pela HHG passaram nomes como Jully Lee, Paula Padovani, e
mais recentemente a Vera Figueiredo.
Estamos produzindo a quarta edição, e a revista sempre foi e
será gratuita, justamente para promover o acesso a todos e todas. Nosso
principal objetivo é a divulgação do trabalho das bateristas brasileiras e
incentivar meninas ao estudo do instrumento.
HMB: Vocês contam com o apoio de anunciantes?
Julie: Até o momento, a Hi Hat Girls ainda não conta com
anunciantes, mas o espaço está aberto para empresas interessadas. Inclusive,
estamos prestes de lançar a próxima edição, ainda há tempo (risos)!
HMB: E quanto ao apoio à Julie baterista? Você já conta com
endorser e patrocínio?
Julie: Recentemente fechei com a In-Pacto baquetas, uma
empresa do Sul do país, e estou feliz por isso. Estou planejando gravar alguns
vídeos e publicar, alguns covers de bandas que admiro, mas ainda é surpresa
(risos). Busco aprender a cada vez mais, acredito que ainda é necessário
evoluir bastante, mas o importante é ter a consciência disso e sempre buscar
progredir.
HMB: Você vê uma abertura das empresas ao músico brasileiro?
Qual conselho você daria para quem busca esse tipo de apoio?
Julie: Acredito que sim, embora eu não tenha muito tempo de
música para afirmar com precisão.
O conselho que tenho é o mesmo para mim e todos que
pretendem seguir o caminho da música: estudar, estudar e estudar!
Buscar sempre evoluir, aprender e pôr em prática o que
aprendeu. Não é uma receita de bolo. Acredito que garra, determinação, estudos,
seriedade e talento são as receitas.
HMB: Planos para o futuro?
Julie: Para o futuro, os planos são de terminar e lançar o CD
da Mortarium, e estou muito ansiosa por isso (risos) e continuar a fazer shows
com as meninas.
Outro plano é começar a oficina gratuita para meninas
bateristas se iniciarem na bateria, mas isso está perto de acontecer, e
conseguir alguma parceria para a Hi Hat Girls Magazine, para que um dia não
muito distante possamos lança-la fisicamente. Esses são os meus principais
planos para o futuro, e espero alcança-los em breve.
HMB: Resuma Julie Sousa em uma frase.
Julie: Resumir-me, em uma frase... Poxa, que difícil!
(risos) Acho que seria: "Quem disse que não podemos?”
HMB: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este
belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.
Julie: Obrigada! Achei bem legal essa entrevista, bem dinâmica.
Obrigada pelo convite! Queria parabenizar pelo seu trabalho, muito bacana mesmo
quando surgem veículos como o seu.
Gostaria de dizer a cada um que lê essa entrevista para
levantar da cadeira e ir atrás do que realmente acredita. O caminho pode não ser
fácil, mas o final dele é sempre recompensador.
Ainda este ano a Mortarium terá novidades e quem nos
acompanha poderá conferir algumas delas já em breve.
Agradeço a cada um que tem nos acompanhado até aqui, de
coração.
Abração!
Abração!
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